Em tempo de renovação, passaremos a estar aqui:
http://domuslibrorum2.blogspot.com
terça-feira, 24 de setembro de 2013
sexta-feira, 5 de julho de 2013
quinta-feira, 4 de julho de 2013
terça-feira, 2 de julho de 2013
domingo, 30 de junho de 2013
sexta-feira, 28 de junho de 2013
"Os Maias" vão ter continuidade pelas mãos de seis escritores
Gonçalo M Tavares, José Eduardo Agualusa, Clara Ferreira Alves, entre outros... A cada autor foi destinado um
período de tempo histórico e cada capítulo tem como pivô a personagem
Carlos da Maia. Cada um será responsável por o encadear da história até
ao ano de 1973, em vésperas do 25 de Abril.
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literatura portuguesa
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Universidade de coimbra eleita pela UNESCO como patrimonio mundial da humanidade
A Universidade de Coimbra foi
classificada Património Mundial da Humanidade pelo comité da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) reunido no Camboja.
O reitor da UC, João Gabriel Silva, afirmou que "mais do
que o reconhecimento do valor arquitetónico do complexo universitário
de Coimbra, esta decisão da UNESCO sublinha o valor universal da cultura
e da língua portuguesas e reconhece o papel central que Portugal teve
na formação do Mundo, tal como hoje o conhecemos".
A UC foi a única universidade portuguesa durante tantos
séculos e a classificação como património mundial "reconhece a ação
central que a Universidade de Coimbra tem vindo a desempenhar na
história da humanidade", realça a nota.
Para comemorar a
inscrição da Universidade de Coimbra - Alta e Sofia na lista do
Património Mundial da Humanidade, realizou-se ontem a iniciativa "Coimbra em Festa", na Praça do Comércio,
na Baixa de Coimbra; de destaque, a serenata na Sé Velha.
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sábado, 22 de junho de 2013
Verão
MÚSICA DE VERÃO
Longe da sombra do ouvido
a fonte
o cortador de relva
a fonte
o cortador de relva
Água e relva
entrelaçados nas suas músicas
entrelaçados nas suas músicas
§
DIA PASSADO AO SOL
Descuidada uma onda brinca com a sua garrafa
passa por cima da água e chega à praia
passa por cima da água e chega à praia
Um castelo de areia constrói-se protegido
por pouco mais do que marcas de dedos
por pouco mais do que marcas de dedos
A água lava-o
A onda abandona a garrafa
Um cargueiro passa ao largo
e assim por diante
A onda abandona a garrafa
Um cargueiro passa ao largo
e assim por diante
BRUNO WEINHALS, "Uma Conversa Passa Pelo Papel e outros poemas"
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sexta-feira, 21 de junho de 2013
Verão
Porque tu és imagem
falo de ti verão como se fosses
uma fotografia ou o seu real
GASTÃO CRUZ, “Observação do Verão”
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quinta-feira, 20 de junho de 2013
O que é nosso é bom
"As universidades de Aveiro, Minho e Nova de Lisboa estão entre as 100 melhores instituições de ensino superior com menos de 50 anos. Um dos mais respeitados rankings internacionais, publicado ao início da noite desta quarta-feira, coloca pela primeira vez três representantes nacionais entre a elite da investigação e ensino a nível mundial.
Das três, a Universidade de Aveiro é a melhor representante nacional neste top 100, surgindo na 66ª posição, a mesma que ocupava há um ano. "
Das três, a Universidade de Aveiro é a melhor representante nacional neste top 100, surgindo na 66ª posição, a mesma que ocupava há um ano. "
in Público, ontem.
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Aveiro; conhecimento; estudos
quarta-feira, 19 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
Diário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia
A UNESCO selecionou o Diário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia,1497-1499, para integrar a sua lista dos Registos da Memória do Mundo.
O diário, de autoria atribuída a Álvaro Velho, está depositado na Biblioteca Municipal do Porto, vindo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, de onde transitou, em 1834, por iniciativa de Alexandre Herculano. Trata-se de um documento fundamental para o conhecimento da viagem de Vasco da Gama e do processo inaugural de abertura do mundo que ela inaugurou.
Desta lista já faziam parte, por exemplo, a carta de Pêro Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. Manuel I sobre a chegada ao Brasil, (1 de maio de 1500) e o Tratado de Tordesilhas, (7 de junho de 1494)
O diário, de autoria atribuída a Álvaro Velho, está depositado na Biblioteca Municipal do Porto, vindo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, de onde transitou, em 1834, por iniciativa de Alexandre Herculano. Trata-se de um documento fundamental para o conhecimento da viagem de Vasco da Gama e do processo inaugural de abertura do mundo que ela inaugurou.
Desta lista já faziam parte, por exemplo, a carta de Pêro Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. Manuel I sobre a chegada ao Brasil, (1 de maio de 1500) e o Tratado de Tordesilhas, (7 de junho de 1494)
Sendo um documento precioso está, hoje, como tantos outros, graças aos arquivos e bibliotecas digitais, acessível a todos no sítio das Bibliotecas Municipais do Porto -
Que tiver mais dificuldades em ler paleógrafos, pode ler uma transcrição do texto no número 23 da série HALP (Dezembro de 2002) do Boletim dos Serviços de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian. Disponível na Biblioteca da ESA, em suporte papel, e em http://www.leitura.gulbenkian.pt/boletim_cultural/files/HALP_23.pdf
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história de Portugal
segunda-feira, 17 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
13 de junho, data de efemérides
13 de Junho, 1888 - nasceu o poeta Fernando Pessoa
13 de Junho, 1908 - nasceu a pintora Maria Helena Vieira da Silva
13 de Junho, 1984 - morreu o músico António Variações
13 de Junho, 1997 - morreu o poeta Al Berto
13 de Junho, 2005 - morreu o poeta Eugénio de Andrade
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cultura portuguesa
Fernado Pessoa nas marchas de Lisboa
Inês Pedrosa e o músico italiano Mariano Deidda encarnam Ofélia e Fernando Pessoa nas tradicionais Marchas de Lisboa. A Casa Fernando Pessoa fez-se representar na tradicional festa da cidade, no dia de Santo António, com uma marcha composta por 100 crianças caracterizadas, abrindo o evento.
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comemorações,
cultura portuguesa
Fernado Pessoa faria hoje 125 anos
Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz - Correspondência amorosa completa: obra lançada hoje
https://www.facebook.com/umfernandopessoa
https://www.facebook.com/umfernandopessoa
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sexta-feira, 7 de junho de 2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
ESTÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
(24 de maio de 2013)
1
OS DIAS DE MUDANÇA(S)
OS DIAS EM QUE ALGUNS CHORARAM
OS DIAS DO PASSADO
OS DIAS DO PRESENTE
OS DIAS DO FUTURO
2
OS DIAS DE PRIMAVERA
OS DIAS DE FRIO E CHUVA
OS DIAS DA(S) LEITURA(S)
A(S) LEITURA(S) DOS DIAS
5
OS DIAS MÁGICOS
OS DIAS DE UMA BIBLIOTECA COM HISTÓRIA(S)
TODOS OS DIAS.
A CIÊNCIA LUSA
A exposição 360º Ciência Descoberta, que está na Fundação Gulbenkian, comissariada por Henrique Leitão, é imperdível. Pela primeira vez o público pode ver uma grande mostra, bem planeada e apresentada, sobre o período de ouro da ciência portuguesa, a época dos Descobrimentos, que teve lugar nos séculos XV e XVI. Não se trata de uma exposição sobre os Descobrimentos – outras houve como Encompassing the World, que esteve há anos em Washington antes de vir para o Museu da Arte Antiga – mas sim sobre a ciência dos Descobrimentos, que inclui tanto a ciência náutica que permitiu as navegações em mar aberto, como as descobertas que, nos domínios da geografia, da meteorologia e da história natural, acrescentaram saber ao saber anterior sobre o mundo.
Num volume sobre a história do mundo, Portugal aparece numa página, ou pelo menos nuns parágrafos, precisamente por causa do seu papel na expansão marítima do Ocidente. Os portugueses estavam no sítio certo na hora certa. E os navegadores lusos aventuraram-se sem vacilar, nos vastos oceanos, primeiro o Atlântico e depois o Ìndico e o Pacífico. Alguns autores chamam justamente a esse período o da primeira globalização. Foram os primeiros ocidentais a ver novos céus, novas terras, novas espécies e novas gentes. Isso não se conseguiu fazer sem ciência e tecnologia e não se fez sem se acrescentar ciência e tecnologia à que já se tinha. Ora, se o papel das descobertas explorações portuguesas consta dos livros de história mundial, já o mesmo não se pode dizer em relação à história da ciência do papel que os portugueses desempenharam nesse período. Se se abrir um livro estrangeiro de história da ciência, a ciência portuguesa não aparece ou quase não aparece. Uma das razões foi o facto de a história da ciência se ter centrado talvez excessivamente na Revolução Científica, que eclodiu convencionalmente em 1543, o ano em que saíram os livros de Copérnico (A Revolução dos orbes celestes) e de Vesálio (A Fábrica do corpo humano), quando a epopeia portuguesa já começava a esmorecer. A tal ponto que algumas histórias da ciência começam só nessa altura o seu relato. Depois desses grandes nomes seguem-se outros como Galileu, Kepler, Newton e Harvey, numa narrativa pontuada pelas obras desses heróis da ciência.
Ora, como bem ilustra a exposição, a Revolução Científica não só foi precedida pela expansão portuguesa como.não teria sido possível sem esta. Os portugueses – e também os espanhóis – protagonizaram uma Pré-Revolução Científica, sem nomes tão sonantes mas numa acção decisiva para se adquirir uma nova visão do mundo, caracterizada pelo empirismo. “Vi, claramante visto”, escreveu Camões, ecoando Garcia da Orta, o seu amigo na Índia. O livro recente de história da ciência mundial que começa muito antes da Revolução Científica Science: a four thousand years history, da autoria da historiadora de ciência inglesa Patrick Fara, é um dos poucos que refere os portugueses dos séculos XV e XVI. Fala da qualidade dos mapas lusitanos (dos “portulanos” do Mediterrâneo passou-se para as cartas da costa de África e a seguir para a cartografia da costa asiática), fala do rinoceronte que Duerer desenhou com base num esboço do exótico animal que o rei D. Manuel I tentou oferecer ao Papa, e fala ainda das plantas da América do Sul, que portugueses e espanhóis trouxeram para a Europa, modificando o regime alimentar da cristandade. A exposição da Gulbenkian exibe em destaque alguns livros raros, alguns únicos porque manuscritos, como o Ars nautica e o Liuro da fabrica das naus de Fernando Oliveira, ou o Esmeraldo de situ orbis, de Duarte Pacheco Pereira. Mas, em consonância com Fara, mostra os mapas mais sofisticados de há quinhentos anos, um rinoceronte embalsamado e várias das espécies vegetais que cruzaram os oceanos em direcção à Europa. E mostra também as tecnologias da construção naval (a caravela) e da navegação astronómica (o astrolábio). Embora não elabore muito sobre a medicina e farmácia da época (há sobre isso um livro recente: Germano de Sousa, História da Medicina Portuguesa durante a Expansão, Temas e Debates / Círculo de Leitores, 2013), tem patentes algumas obras médicas e vasos de botica..
A exposição invoca os grandes cientistas portugueses: Pedro Nunes, Garcia da Orta e D. João de Castro. O primeiro, sem nunca ter entrado num barco, criou com base na matemática a ciência da navegação astronómica, o segundo escreveu em português sobre as plantas da Índia, e o terceiro, na carreira da Índia, realizou as primeiras medidas de geomagnetismo global. De Nunes pode o visitante ver o “manuscrito de Florença”, o único que chegou aos nossos dias, de Orta os Colóquio dos simples da Biblioteca a Nacional, e de D. João de Castro um manuscrito conservado na Biblioteca de Évora. Para perceber melhor a exposição, o leitor não pode deixar de levar para casa o excelente catálogo, com um excelente preço, onde se encontram reproduções destas e doutras peças expostas.
Carlos Fiolhais, JL (JORNAL DE LETRAS):
A exposição 360º Ciência Descoberta, que está na Fundação Gulbenkian, comissariada por Henrique Leitão, é imperdível. Pela primeira vez o público pode ver uma grande mostra, bem planeada e apresentada, sobre o período de ouro da ciência portuguesa, a época dos Descobrimentos, que teve lugar nos séculos XV e XVI. Não se trata de uma exposição sobre os Descobrimentos – outras houve como Encompassing the World, que esteve há anos em Washington antes de vir para o Museu da Arte Antiga – mas sim sobre a ciência dos Descobrimentos, que inclui tanto a ciência náutica que permitiu as navegações em mar aberto, como as descobertas que, nos domínios da geografia, da meteorologia e da história natural, acrescentaram saber ao saber anterior sobre o mundo.
Num volume sobre a história do mundo, Portugal aparece numa página, ou pelo menos nuns parágrafos, precisamente por causa do seu papel na expansão marítima do Ocidente. Os portugueses estavam no sítio certo na hora certa. E os navegadores lusos aventuraram-se sem vacilar, nos vastos oceanos, primeiro o Atlântico e depois o Ìndico e o Pacífico. Alguns autores chamam justamente a esse período o da primeira globalização. Foram os primeiros ocidentais a ver novos céus, novas terras, novas espécies e novas gentes. Isso não se conseguiu fazer sem ciência e tecnologia e não se fez sem se acrescentar ciência e tecnologia à que já se tinha. Ora, se o papel das descobertas explorações portuguesas consta dos livros de história mundial, já o mesmo não se pode dizer em relação à história da ciência do papel que os portugueses desempenharam nesse período. Se se abrir um livro estrangeiro de história da ciência, a ciência portuguesa não aparece ou quase não aparece. Uma das razões foi o facto de a história da ciência se ter centrado talvez excessivamente na Revolução Científica, que eclodiu convencionalmente em 1543, o ano em que saíram os livros de Copérnico (A Revolução dos orbes celestes) e de Vesálio (A Fábrica do corpo humano), quando a epopeia portuguesa já começava a esmorecer. A tal ponto que algumas histórias da ciência começam só nessa altura o seu relato. Depois desses grandes nomes seguem-se outros como Galileu, Kepler, Newton e Harvey, numa narrativa pontuada pelas obras desses heróis da ciência.
Ora, como bem ilustra a exposição, a Revolução Científica não só foi precedida pela expansão portuguesa como.não teria sido possível sem esta. Os portugueses – e também os espanhóis – protagonizaram uma Pré-Revolução Científica, sem nomes tão sonantes mas numa acção decisiva para se adquirir uma nova visão do mundo, caracterizada pelo empirismo. “Vi, claramante visto”, escreveu Camões, ecoando Garcia da Orta, o seu amigo na Índia. O livro recente de história da ciência mundial que começa muito antes da Revolução Científica Science: a four thousand years history, da autoria da historiadora de ciência inglesa Patrick Fara, é um dos poucos que refere os portugueses dos séculos XV e XVI. Fala da qualidade dos mapas lusitanos (dos “portulanos” do Mediterrâneo passou-se para as cartas da costa de África e a seguir para a cartografia da costa asiática), fala do rinoceronte que Duerer desenhou com base num esboço do exótico animal que o rei D. Manuel I tentou oferecer ao Papa, e fala ainda das plantas da América do Sul, que portugueses e espanhóis trouxeram para a Europa, modificando o regime alimentar da cristandade. A exposição da Gulbenkian exibe em destaque alguns livros raros, alguns únicos porque manuscritos, como o Ars nautica e o Liuro da fabrica das naus de Fernando Oliveira, ou o Esmeraldo de situ orbis, de Duarte Pacheco Pereira. Mas, em consonância com Fara, mostra os mapas mais sofisticados de há quinhentos anos, um rinoceronte embalsamado e várias das espécies vegetais que cruzaram os oceanos em direcção à Europa. E mostra também as tecnologias da construção naval (a caravela) e da navegação astronómica (o astrolábio). Embora não elabore muito sobre a medicina e farmácia da época (há sobre isso um livro recente: Germano de Sousa, História da Medicina Portuguesa durante a Expansão, Temas e Debates / Círculo de Leitores, 2013), tem patentes algumas obras médicas e vasos de botica..
A exposição invoca os grandes cientistas portugueses: Pedro Nunes, Garcia da Orta e D. João de Castro. O primeiro, sem nunca ter entrado num barco, criou com base na matemática a ciência da navegação astronómica, o segundo escreveu em português sobre as plantas da Índia, e o terceiro, na carreira da Índia, realizou as primeiras medidas de geomagnetismo global. De Nunes pode o visitante ver o “manuscrito de Florença”, o único que chegou aos nossos dias, de Orta os Colóquio dos simples da Biblioteca a Nacional, e de D. João de Castro um manuscrito conservado na Biblioteca de Évora. Para perceber melhor a exposição, o leitor não pode deixar de levar para casa o excelente catálogo, com um excelente preço, onde se encontram reproduções destas e doutras peças expostas.
- Henrique Leitão (coordenador), 360º Ciência Descoberta, Lisboa: Fundação Gulbenkian, 2013
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Matemática do Planeta Terra 2013
http://www.mat.uc.pt/mpt2013/
Foi durante o Congresso Internacional de Matemática de 2010, na Índia, que Christiane Rousseau (Montreal) lançou o desafio Matemática do Planeta Terra 2013. O ano MPT2013 está a desenvolver atividades que visam mostrar como a matemática desempenha um papel central em questões relacionadas com o Planeta Terra. Veja aqui as ideias sugeridas pela comissão internacional para o MPT2013.
A abertura oficial do ano MPT2013 decorreu no dia 5 de Março, na sede da UNESCO, em Paris. Em Portugal a cerimónia de abertura decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Durante a cerimónia foi estabelecido contacto com Paris e com S. Tomé e Príncipe. Missão
Por todo o mundo diversas sociedades, associações, universidades, institutos de investigação e fundações vão dedicar o ano 2013 ao projeto MPT2013. É missão do projecto MPT2013:
A abertura oficial do ano MPT2013 decorreu no dia 5 de Março, na sede da UNESCO, em Paris. Em Portugal a cerimónia de abertura decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Durante a cerimónia foi estabelecido contacto com Paris e com S. Tomé e Príncipe. Missão
Por todo o mundo diversas sociedades, associações, universidades, institutos de investigação e fundações vão dedicar o ano 2013 ao projeto MPT2013. É missão do projecto MPT2013:
- Incentivar a investigação na identificação e na resolução de questões fundamentais sobre o Planeta Terra;
- Incentivar educadores de todos os níveis de ensino para comunicar os problemas relacionados com o planeta Terra;
- Informar o público sobre o papel essencial das ciências matemáticas para enfrentar os desafios do planeta Terra.
Grandes temas
Para o programa MPT2013 são sugeridos quatro grandes temas:
Para o programa MPT2013 são sugeridos quatro grandes temas:
- Um planeta para descobrir: oceanos; meteorologia e clima; processos do manto; recursos naturais; sistemas solares;
- Um planeta suportado por vida: ecologia, biodiversidade, evolução;
- Um planeta organizado por humanos: sistemas políticos, económicos, sociais e financeiros, organização das redes de transporte e de comunicação, gestão dos recursos, energia;
- Um planeta em risco: mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, epidemias; espécies invasoras, desastres naturais.
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ciências; ambiente; conhecimento; estudos,
matemática
domingo, 2 de junho de 2013
terça-feira, 28 de maio de 2013
Escritor Mia Couto ganha Prémio Camões
Sérgio C. Andrade in
http://www.publico.pt/cultura/noticia/xxxxxx-premio-camoes-foi-para-o-escritor-1595653
(actualizado às )
Prémio, que tem o valor de 100 mil euros, foi anunciado ao princípio da noite desta segunda-feira no Rio de Janeiro.
O vencedor do prémio literário mais importante da
criação literária da língua portuguesa é o escritor moçambicano autor de
livros como Raiz de Orvalho, Terra Sonâmbula e A Confissão da Leoa . É o segundo autor de Moçambique a ser distinguido, depois de José Craveirinha em 1991.
O júri justificou a
distinção de Mia Couto tendo em conta a “vasta obra ficcional
caracterizada pela inovação estilística e a profunda humanidade”,
segundo disse à agência Lusa José Carlos Vasconcelos, um dos jurados.
A
obra de Mia Couto, “inicialmente, foi muito valorizada pela criação e
inovação verbal, mas tem tido uma cada vez maior solidez na estrutura
narrativa e capacidade de transportar para a escrita a oralidade”,
acrescentou Vasconcelos. Além disso, conseguiu “passar do local para o
global”, numa produção que já conta 30 livros, que tem extravasado as
suas fronteiras nacionais e tem “tido um grande reconhecimento da
crítica”. Os seus livros estão, de resto, traduzidos em duas dezenas de
línguas.Do júri, que se reuniu durante a tarde desta segunda-feira no Palácio Gustavo Capanema, sede do Centro Internacional do Livro e da Biblioteca Nacional, fizeram também parte, do lado de Portugal, a professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa Clara Crabbé Rocha (filha de Miguel Torga, o primeiro galardoado com o Prémio Camões, em 1989), os brasileiros Alcir Pécora, crítico e professor da Universidade de Campinas, e Alberto da Costa e Silva, embaixador e membro da Academia Brasileira de Letras, o escritor e professor universitário moçambicano João Paulo Borges Coelho e o escritor angolano José Eduardo Agualusa.
Também em declaração à Lusa, Mia Couto disse-se "surpreendido e muito feliz" por ter sido distinguido com o 25º. Prémio Camões, num dia que, revelou, não lhe estava a correr de feição. “Recebi a notícia há meia hora, num telefonema que me fizeram do Brasil. Logo hoje, que é um daqueles dias em que a gente pensa: vou jantar, vou deitar-me e quero me apagar do mundo. De repente, apareceu esta chamada telefónica e, obviamente, fiquei muito feliz”, comentou o escritor, sem adiantar as razões.
O editor português de Mia Couto, Zeferino Coelho (Caminho), ficou também “contentíssimo” quando soube da distinção. “Já há muitos anos esperava que lhe dessem o Prémio Camões, finalmente veio”, disse ao PÚBLICO, lembrando que passam agora 30 anos sobre a edição do primeiro livro de Mia Couto em Moçambique, Raiz de Orvalho.
O escritor não virá à Feira do Livro de Lisboa, actualmente a decorrer no Parque Eduardo VII, porque esteve na Feira do Livro de Bogotá, depois foi para o Canadá e só recentemente voltou a Maputo. Zeferino Coelho espera que o autor regresse a Portugal na rentrée, em Setembro ou Outubro.
Nascido em 1955, na Beira, no seio de uma família de emigrantes portugueses, Mia Couto começou por estudar Medicina na Universidade de Lourenço Marques (actual Maputo). Integrou, na sua juventude, o movimento pela independência de Moçambique do colonialismo português. A seguir à independência, na sequência do 25 de Abril de 1974, interrompe os estudos e vira-se para o jornalismo, trabalhando em publicações como A Tribuna, Tempo e Notícias, e também a Agência de Informação de Moçambique (AIM), de que foi director.
Em meados da década de 1980, regressa à universidade para se formar em Biologia. Nessa altura, tinha já publicado, em 1983, o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho.
"O livro surgiu em 1983, numa altura em que a revolução de Moçambique estava em plena pujança e todos nós tínhamos, de uma forma ou de outra, aderido à causa da independência. E a escrita era muito dominada por essa urgência política de mudar o mundo, de criar um homem e uma sociedade nova, tornou-se uma escrita muito panfletária”, comentou Mia Couto em entrevista ao PÚBLICO (20/11/1999), aquando da reedição daquele título pela Caminho.
Em 1986 edita o seu primeiro livro de crónicas, Vozes Anoitecidas, que lhe valeu o prémio da Associação de Escritores Moçambicanos. Mas é com o romance, e nomeadamente com o seu título de estreia neste género, Terra Sonâmbula (1992), que Mia Couto manifesta os primeiros sinais de “desobediência” ao padrão da língua portuguesa, criando fórmulas vocabulares inspiradas da língua oral que irão marcar a sua escrita e impor o seu estilo muito próprio.
“Só quando quis contar histórias é que se me colocou este desafio de deixar entrar a vida e a maneira como o português era remoldado em Moçambique para lhes dar maior força poética. A oralidade não é aquela coisa que se resolve mandando por aí umas brigadas a recolher histórias tradicionais, é muito mais que isso”, disse, na citada entrevista. E acrescentou: “Temos sempre a ideia de que a língua é a grande dama, tem que se falar e escrever bem. A criação poética nasce do erro, da desobediência.”
Foi nesse registo que se sucederam romances, sempre na Caminho, como A Varanda do Frangipani (1996), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002 – que o realizador José Carlos Oliveira haveria de adaptar ao grande ecrã), O Outro Pé da Sereia (2006), Jesusalém (2009), ou A Confissão da Leoa (2012). A propósito dos seus últimos livros, o escritor confessou algum cansaço por a sua obra ser muitas vezes confundida com a de um jogo de linguagem, por causa da quantidade de palavras e expressões “novas” que neles aparecem.
Paralelamente aos romances, Mia Couto continuou a escrever e a editar crónicas e poesia – “Eu sou da poesia”, justificou, numa referência às suas origens literárias.
Na sua carreira, foi também acumulando distinções, como os prémios Vergílio Ferreira (1999, pelo conjunto da obra), Mário António/Fundação Gulbenkian (2001), União Latina de Literaturas Românicas (2007) ou Eduardo Lourenço (2012).
Nas anteriores 24 edições do Prémio Camões, Portugal e Brasil foram distinguidos dez vezes cada, a última das quais, respectivamente, nas figuras de Manuel António Pina (2011) e de Dalton Trevisan (2012). Angola teve, até ao momento, dois escritores citados: Pepetela, em 1997, e José Luandino Vieira, que, em 2006, recusou o prémio. De Moçambique fora já premiado José Craveirinha (1991) e de Cabo Verde Arménio Vieira (2009).
Criado por Portugal e pelo Brasil em 1989, e actualmente com o valor monetário de cem mil euros, este é o principal prémio destinado à literatura em língua portuguesa e consagra anualmente um autor que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum. Com Isabel Coutinho
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segunda-feira, 27 de maio de 2013
O "milagre" da expansão da cortiça Hugo Torres e Vera Moutinho 25/05/2013 - 13:41
Os investigadores Helena Pereira e António Velez descobriram um método
para aumentar o volume da cortiça através de micro-ondas. O projecto é
finalista no Prémio Europeu do Inventor, cujos vencedores serão
anunciados pelo Instituto Europeu de Patentes a 28 de Maio, em
Amesterdão.
Hugo Torres e Vera Moutinho , Público, 25/05/2013
Vídeo em
http://www.publico.pt/multimedia/video/o-milagre-da-expansao-da-cortica-20130523-135737
Hugo Torres e Vera Moutinho , Público, 25/05/2013
Vídeo em
http://www.publico.pt/multimedia/video/o-milagre-da-expansao-da-cortica-20130523-135737
Aquilino Ribeiro (1885-1963), um anarquista no Panteão Nacional
Este ano assinalam-se os 50 anos da morte de Aquilino Ribeiro, um dos grandes escritores portugueses. Para além de uma escrita notável, empenhado nos aspectos sociais e sensível ao sofrimento dos mais pobres e dos explorados, Aquilino Ribeiro teve uma militância anarquista conhecida na sua juventude, permanecendo sempre muito ligado aos princípios libertários.
Segundo os seus biógrafos, e nunca escondido por ele próprio (nomeadamente nos seus livros mais autobiográficos como “Um Escritor Confessa-se”), foi um homem de acção, esteve preso e foi perseguido, enquanto anarquista, e segundo alguns historiadores, poderá ter estado mesmo ligado ao regicídio de D. Carlos. Os métodos de acção directa não lhe eram estranhos.
A partir de 1902 frequentou o Seminário de Beja, de onde foi expulso em 1904, “depois de ter dado uma réplica cortante a uma acusação do Padre Manuel Ançã, um dos dois irmãos que ao tempo dirigiam a instituição” (1)
Três anos depois, em 1907, com 22 anos de idade, “o rebentamento de caixotes de explosivos guardados na sua casa leva à morte de dois correligionários e a que seja encarcerado na esquadra do Caminho Novo, de onde se evade em situações rocambolescas, como se pode ler no volume de memórias antes mencionado”.(1)
Evade-se da prisão a 12 de Janeiro de 1908 e durante a clandestinidade em Lisboa mantém os contactos com os regicidas, refugiado, na Rua Nova do Almada, em frente da Boa Hora.
Homem de acção, depois de estar algum tempo na clandestinidade, foge para Paris, de onde regressa em 1914.
Participa na revolta de 7 de Fevereiro de 1927, em Lisboa. Exila-se em Paris. No fim do ano regressa a Portugal, clandestinamente, participando na revolta de Pinhel. Encarcerado no presídio de Fontelo (Viseu), evade-se e volta a Paris. Em Lisboa é julgado à revelia em Tribunal Militar, e condenado.
Regressa posteriormente a Portugal, onde morre a 27 de Maio de 1963, quando se comemoravam os 50 anos da sua actividade literária . Na ocasião estavam-lhe a ser feitas homenagens em várias cidades do país. Nessa mesma hora, a Censura comunicava aos jornais não ser mais permitido falar das homenagens que lhe estavam a ser prestadas.
Em 2007, por entre muitos protestos dos sectores mais reaccionários da sociedade portuguesa, a Assembleia da República decidiu homenagear a sua memória e conceder aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional (2). Na frieza da Igreja de Santa Engrácia, se os mortos falassem, Aquilino Ribeiro talvez só pudesse ter uma conversa decente com o velho Guerra Junqueiro, cujos ossos também ali repousam.
Nos seus livros a luta pela liberdade é sempre uma constante e uma das suas obras primas “Quando os Lobos Uivam”, que esteve proibido durante o fascismo, é um verdadeiro hino à insubmissão e, por todo ele, perpassa um halo libertário de apelo à revolta e à transformação social.
Aquilino Ribeiro foi um vulto grande do pensamento social, anarquista militante em várias fases da sua vida, para além de um enorme escritor e intelectual, como o foram aliás grandes vultos da sociedade portuguesa do século passado, muito influenciados pelas ideias libertárias até ao fim das suas vidas: os escritores e jornalistas Ferreira de Castro (1898 – 1974) e Jaime Brasil (1896 – 1966); o filósofo Leonardo Coimbra (1883-1936) ou o cientista Aurélio Quintanilha (1892 – 1987), entre muitos outros.
Útil também a consulta de: http://vidanovazores.blogspot.pt/2007/09/aquilino-ribeiro-com-ou-sem-panteo-o.html
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domingo, 26 de maio de 2013
A LÍNGUA PORTUGUESA É UMA FESTA
No LEV (Literatura em Viagem), texto da comunicação de João Luís Barreto Guimarães (Notas) - Matosinhos, Domingo, 26 de Maio de 2013
Ao
tomar conhecimento do tema proposto para esta mesa, uma vez mais como
já vai sendo hábito em mim, estive para declinar o convite. Não me apraz
muito discorrer sobre este tipo de temas de cariz genérico que
inevitavelmente se apresentam sob a forma de um cliché: o género
literário que vou praticando, a poesia, presta-se pouco a
generalizações; e a língua que utilizo para escrever poesia, a língua
portuguesa, pode ser uma “festa” ou não. Pode ser um autêntico desastre.
Além de que, na minha modesta opinião, todas as línguas podem ser uma
“festa”. Depende muito do uso que fazemos delas. A nossa língua pode ser
uma “festa” aqui, em Portugal, como pode ser no Brasil ou nos países
africanos de língua portuguesa, como pode ser nas mãos de quem quer que
saiba falar ou escrever português num qualquer canto obscuro da
diáspora. Ou do exílio.
Por isso mesmo não vos vou tomar muito tempo. Sinceramente não sei responder à questão de qual deve ser o nosso papel numa política global da língua. Defender o seu correcto uso e preservação, certamente, difundir a sua utilização, promove-la através do Instituto Camões ou outros institutos próprios? Talvez. Sou apenas um falante, um poeta e felizmente que não me cabe nenhuma dessas tarefas. Como também não me parece que o Brasil queira alguma vez que Portugal seja o seu co-piloto como se sugere no convite, o que pressupõe uma situação de dependência formal. Dos escritores brasileiros que conheci nenhum tinha em relação aos colegas portugueses qualquer sentimento de superioridade literária ou institucional. Pelo contrário, ficam fascinados quando conseguem sentir orgulho na utilização da Língua-Mãe.
Mas que orgulho pode ser esse? Para responder a esta questão que eu próprio me coloco, precisaria talvez de definir primeiro a palavra “festa” que dá corpo ao tema desta mesa. “Festa” é uma palavra que, já de si, tem muito pouco a ver com poesia. Ou que pelo menos suscita caminhos divergentes e ambíguos. A poesia jocosa e satírica de Bocage será uma “festa”? Talvez. Trata-se de uma leitura que ainda hoje provoca sorrisos em que a lê. Mas seguramente que leitores haverá para quem a escrita de Maria Gabriela Llansol também é uma “festa”, um arrancar de sorrisos interiores de satisfação. O que define verdadeiramente se a utilização da língua é, ou pode ser, uma “festa”? A ironia, o sarcasmo, o humor na poesia de Alexandre O’Neill, ou a cuidadosa dicção, o aporte de pensamento ou a intelecção na poesia de Herbero Helder?
A poesia faz-se com linguagem, com a língua, e é dessa utilização que em última instância sairá a definição de “festa”. Por isso, para tentar sair airosamente desta cilada que me montaram – e na qual eu aceitei com muito gosto cair - alargarei o conceito de “festa” ao de “gozo”, “deleite”, “prazer” que a língua pode ter do ponto de vista do leitor. E, um pouco abusivamente, estreitarei o conceito de “língua portuguesa” ao de “poesia”, já que é fundamentalmente nesse género literário que me movimento para assim me convidar oficiosamente para esta mesa, agora com um tema próprio e exclusivo próximo deste: “A poesia proporcionará deleite ou prazer?”.
A poesia pode proporcionar prazer – do ponto de vista do leitor – se o poeta observar três ou quatro características na sua escrita.
Em primeiro lugar, se estabelecer com o leitor um jogo de inteligência. Se se estabelecer entre poeta e leitor, um comércio de inteligência, de sapiência, de sabedoria. Se o poeta despertar a inteligência do leitor dentro de um limite de razoabilidade, não o excluindo da experiência do poema, antes convidando-o ao conhecimento, como escrevia Steiner, descendo a um nível de intelecção não tão baixo que transforme o poema numa banalidade fácil mas suficientemente baixo para que o leitor possa ter pé, como numa piscina de várias profundidades, e sinta o apelo de subir. O que se troca entre poeta e leitor ao longo dos versos são alusões, referências, conhecimento, intertextualidades e o poeta pode e deve lançar um verso ao leitor para que este o agarre, e possa no decorrer da leitura sentir a alegria do re-conhecimento, o deleite da identificação, o prazer da universalidade de forma a que sinta um estímulo para trepar, agarrar, querer subir, querer saber mais. Os riscos desta relação oculta entre poeta e leitor no intercâmbio de conhecimento são conhecidos: com a ânsia de cativar mais leitores, o poeta pode sentir-se tentado a descer baixo demais nessa imaginária escala de exigência, e ceder a uma facilidade, a um populismo que prejudique a qualidade do seu escrito.
Por outro lado, como o conhecimento, ao leitor, lhe custa tempo, esforço, horas de leitura (e dinheiro), este pode não conseguir ou não querer agarrar o isco da alusão porque lhe custa, porque não lhe é fácil, simplesmente porque não tem as bases para o fazer. Por isso é importante perceber-se à partida que, infelizmente, num país atrasado como o nosso, o jogo da leitura não é um jogo para muitos mas apenas para alguns – para os que querem – por exemplo, os que estão aqui a assistir a esta palestra, e nesse sentido, aceitar à partida que há um limite de dificuldade abaixo do qual um poeta nunca desce. Isto é válido para um escritor mas também para as outras artes: a música, a pintura, o cinema, etc. Descer abaixo desse nível de facilidade, para um poeta como para outro criador, seria ofender a sua própria arte, ofender a tradição. Para cada um dos poetas, esse limite é condicionado pela sua Visão de Mundo, tanto quanto por outras características que tentarei trazer ao texto, de seguida.
Ou seja: trata-se de um jogo, de um comércio entre leitor e poeta que pressupõe para ambas as partes direitos e deveres. E que, na minha opinião, exclui os extremos absolutos: o populismo mais fácil e o hermetismo total. Um poeta tem o direito de optar por não ser absolutamente hermético na sua escrita para poder ser lido – e comunicar, e partilhar ideias e pensamentos – mas por outro lado só o será para os leitores que cumprirem o dever de fazer um esforço contínuo de aprender a movimentar-se por entre as estrofes e os versos desta arte a que se convencionou chamar poesia, ou seja, àqueles que a determinada altura do seu processo de aprendizagem e leitura passaram a conhecer as convenções dessa mesma arte, isto é, leram os clássicos e sabem reconhecer algumas senão a maior parte das regras da poesia. E que, decididamente, têm hábitos de leitura. Ou seja, à sua maneira e também através da leitura, aspiram a ser cultos. Só assim é possível esse comércio de inteligência, de ideias, de pensamento.
O segundo dever de um poeta é para com a originalidade. Um poeta deve ter brio, mas fundamentalmente ética na sua escrita, quer isto dizer que deve tentar despertar a surpresa nos seus leitores, recorrendo à imaginação e à criatividade. Deve esforçar-se por não publicar mais uma obra igual a tantas outras, não deve perder o espírito de autocrítica ao longo da sua obra poética, de forma a nem se repetir, nem deixar de surpreender os seus leitores. Deve aspirar a ser um dos melhores, escreveu-me um dia José Miguel Silva, exactamente um dos melhores. Deve tentar superar-se. Ao mesmo tempo que tem o direito de descer um degrau até ao nível do quotidiano – onde nunca deverá esquecer o cuidado com a linguagem, com a língua - tem por outro lado o dever de elevar o leitor, de livro para livro, até territórios então menos conhecidos.
Obrigar os leitores a pensar, dar-lhes trabalho, não lhes pôr as coisas fáceis. Obrigá-los a raciocinar, a reflectir, a reagir aos poemas. E dar-lhes como bónus a “festa”, a alegria da surpresa no uso feliz da língua. Alguma coisa química, uma molécula, um neurotransmissor se liberta quando os olhos exteriores levam até ao “olho da mente” de que falava Shakespeare, esse estremeção de novidade e re-conhecimento. Isto só o consegue o poeta que para além de possuir um espírito ético inabalável e uma coragem assinalável, for dono de um espírito de autocrítica fortíssimo. E quem, não tendo pressa, tiver tempo. Não correr atrás da edição. Porque os seus leitores, aqueles que tiveram a amabilidade de o acompanhar até esse estadío da sua obra, são secretamente exigentes e vão querer sempre mais de um autor. Quando sigo um poeta como leitor – e sigo vários – pergunto-me sempre o que será que irá fazer a seguir, se irá conseguir superar-se como poeta. E aqueles que são eticamente briosos, conseguem. Ezra Pound escrevia “make it new”, frase de onde se depreende “otherwise don’t make it at all”. A “festa”, de que fala o título desta mesa, é também esse gozo de perceber que o poema, a crónica, o ensaio, o romance que estamos a ler não só está bem escrito em termos formais, não só é uma boa ideia, como também é algo de novo, algo original, algo que ainda não tinha sido feito, ou dito, daquela maneira.
O terceiro dever, em literatura, é o da profundidade. E compreensivelmente, esta só se adquire com o tempo. É desculpável que quer o leitor, quer o poeta não apreenda, o primeiro, ou não escreva, o segundo, com essa desejável densidade de linguagem numa primeira leitura, ou escrita, de um primeiro livro, mas é desejável que de livro para livro, de leitura para leitura, de ano para ano, de experiência de vida para experiência de vida o vá conseguindo fazer, ou seja, que o poema seja escrito e lido com as diversas camadas que possui. Por mais simples que pareça. A simplicidade é das coisas mais difíceis de atingir em poesia. Mas simplicidade não é, em poesia, antónimo de densidade.
O que se pretende é que em cada leitura ou em cada poema escrito, quer para o leitor quer para o poeta estejam cada vez mais evidentes e presentes o sentido trágico da vida no esplendor da sua complexidade - o enigma, o mistério de que falava Tomas Transtömer. Essa densidade, num poema, atinge-se pela contaminação da poesia pela biologia, a física, a química, a história, a filosofia, a sociologia, a antropologia, as belas artes, as religiões, a mitologia, e principalmente, a própria literatura.
O que isto quer dizer é que nem só de oficina se faz um poema. Um poema contemporâneo vive muito desse magnífico piscar de olho à tradição. Para que a poesia se torne um vicio de conhecimento, de inteligência, de originalidade, de profundidade. Para que se torne uma “festa” para os sentidos, seja em que língua for, em português de Portugal, em português do Brasil, em inglês, alemão, francês, italiano, castelhano, basco, galego ou catalão. Todas as línguas podem ser uma “festa” se se conseguir estabelecer pela qualidade dos textos, um código entre leitor e autor em que cada um oferece ao outro o sublime momento da escrita e da leitura, o máximo que sabe dar: o poeta, desafiando a inteligência do leitor, trazendo-lhe conhecimento, originalidade, e acessibilidade e dificuldade q.b.; o leitor, não desistindo à mais pequena dificuldade, confiando na ética do autor, pesquisando, preparando-se de livro para livro para um enredo cada vez mais denso e profundo. Esse comércio é um intercâmbio de Visões de Mundo, é a linguagem ao serviço do pensamento, e pode, realmente, ser uma “festa”.
Era isto o que tinha para vos dizer hoje. Até à próxima. Até logos.
João Luís Barreto Guimarães
7º Encontro Internacional de Literatura Em Viagem
Matosinhos, 26 de maio de 2013
https://www.facebook.com/notes/jo%C3%A3o-lu%C3%ADs-barreto-guimar%C3%A3es/a-l%C3%ADngua-portuguesa-%C3%A9-uma-festa/10200671311897598
Por isso mesmo não vos vou tomar muito tempo. Sinceramente não sei responder à questão de qual deve ser o nosso papel numa política global da língua. Defender o seu correcto uso e preservação, certamente, difundir a sua utilização, promove-la através do Instituto Camões ou outros institutos próprios? Talvez. Sou apenas um falante, um poeta e felizmente que não me cabe nenhuma dessas tarefas. Como também não me parece que o Brasil queira alguma vez que Portugal seja o seu co-piloto como se sugere no convite, o que pressupõe uma situação de dependência formal. Dos escritores brasileiros que conheci nenhum tinha em relação aos colegas portugueses qualquer sentimento de superioridade literária ou institucional. Pelo contrário, ficam fascinados quando conseguem sentir orgulho na utilização da Língua-Mãe.
Mas que orgulho pode ser esse? Para responder a esta questão que eu próprio me coloco, precisaria talvez de definir primeiro a palavra “festa” que dá corpo ao tema desta mesa. “Festa” é uma palavra que, já de si, tem muito pouco a ver com poesia. Ou que pelo menos suscita caminhos divergentes e ambíguos. A poesia jocosa e satírica de Bocage será uma “festa”? Talvez. Trata-se de uma leitura que ainda hoje provoca sorrisos em que a lê. Mas seguramente que leitores haverá para quem a escrita de Maria Gabriela Llansol também é uma “festa”, um arrancar de sorrisos interiores de satisfação. O que define verdadeiramente se a utilização da língua é, ou pode ser, uma “festa”? A ironia, o sarcasmo, o humor na poesia de Alexandre O’Neill, ou a cuidadosa dicção, o aporte de pensamento ou a intelecção na poesia de Herbero Helder?
A poesia faz-se com linguagem, com a língua, e é dessa utilização que em última instância sairá a definição de “festa”. Por isso, para tentar sair airosamente desta cilada que me montaram – e na qual eu aceitei com muito gosto cair - alargarei o conceito de “festa” ao de “gozo”, “deleite”, “prazer” que a língua pode ter do ponto de vista do leitor. E, um pouco abusivamente, estreitarei o conceito de “língua portuguesa” ao de “poesia”, já que é fundamentalmente nesse género literário que me movimento para assim me convidar oficiosamente para esta mesa, agora com um tema próprio e exclusivo próximo deste: “A poesia proporcionará deleite ou prazer?”.
A poesia pode proporcionar prazer – do ponto de vista do leitor – se o poeta observar três ou quatro características na sua escrita.
Em primeiro lugar, se estabelecer com o leitor um jogo de inteligência. Se se estabelecer entre poeta e leitor, um comércio de inteligência, de sapiência, de sabedoria. Se o poeta despertar a inteligência do leitor dentro de um limite de razoabilidade, não o excluindo da experiência do poema, antes convidando-o ao conhecimento, como escrevia Steiner, descendo a um nível de intelecção não tão baixo que transforme o poema numa banalidade fácil mas suficientemente baixo para que o leitor possa ter pé, como numa piscina de várias profundidades, e sinta o apelo de subir. O que se troca entre poeta e leitor ao longo dos versos são alusões, referências, conhecimento, intertextualidades e o poeta pode e deve lançar um verso ao leitor para que este o agarre, e possa no decorrer da leitura sentir a alegria do re-conhecimento, o deleite da identificação, o prazer da universalidade de forma a que sinta um estímulo para trepar, agarrar, querer subir, querer saber mais. Os riscos desta relação oculta entre poeta e leitor no intercâmbio de conhecimento são conhecidos: com a ânsia de cativar mais leitores, o poeta pode sentir-se tentado a descer baixo demais nessa imaginária escala de exigência, e ceder a uma facilidade, a um populismo que prejudique a qualidade do seu escrito.
Por outro lado, como o conhecimento, ao leitor, lhe custa tempo, esforço, horas de leitura (e dinheiro), este pode não conseguir ou não querer agarrar o isco da alusão porque lhe custa, porque não lhe é fácil, simplesmente porque não tem as bases para o fazer. Por isso é importante perceber-se à partida que, infelizmente, num país atrasado como o nosso, o jogo da leitura não é um jogo para muitos mas apenas para alguns – para os que querem – por exemplo, os que estão aqui a assistir a esta palestra, e nesse sentido, aceitar à partida que há um limite de dificuldade abaixo do qual um poeta nunca desce. Isto é válido para um escritor mas também para as outras artes: a música, a pintura, o cinema, etc. Descer abaixo desse nível de facilidade, para um poeta como para outro criador, seria ofender a sua própria arte, ofender a tradição. Para cada um dos poetas, esse limite é condicionado pela sua Visão de Mundo, tanto quanto por outras características que tentarei trazer ao texto, de seguida.
Ou seja: trata-se de um jogo, de um comércio entre leitor e poeta que pressupõe para ambas as partes direitos e deveres. E que, na minha opinião, exclui os extremos absolutos: o populismo mais fácil e o hermetismo total. Um poeta tem o direito de optar por não ser absolutamente hermético na sua escrita para poder ser lido – e comunicar, e partilhar ideias e pensamentos – mas por outro lado só o será para os leitores que cumprirem o dever de fazer um esforço contínuo de aprender a movimentar-se por entre as estrofes e os versos desta arte a que se convencionou chamar poesia, ou seja, àqueles que a determinada altura do seu processo de aprendizagem e leitura passaram a conhecer as convenções dessa mesma arte, isto é, leram os clássicos e sabem reconhecer algumas senão a maior parte das regras da poesia. E que, decididamente, têm hábitos de leitura. Ou seja, à sua maneira e também através da leitura, aspiram a ser cultos. Só assim é possível esse comércio de inteligência, de ideias, de pensamento.
O segundo dever de um poeta é para com a originalidade. Um poeta deve ter brio, mas fundamentalmente ética na sua escrita, quer isto dizer que deve tentar despertar a surpresa nos seus leitores, recorrendo à imaginação e à criatividade. Deve esforçar-se por não publicar mais uma obra igual a tantas outras, não deve perder o espírito de autocrítica ao longo da sua obra poética, de forma a nem se repetir, nem deixar de surpreender os seus leitores. Deve aspirar a ser um dos melhores, escreveu-me um dia José Miguel Silva, exactamente um dos melhores. Deve tentar superar-se. Ao mesmo tempo que tem o direito de descer um degrau até ao nível do quotidiano – onde nunca deverá esquecer o cuidado com a linguagem, com a língua - tem por outro lado o dever de elevar o leitor, de livro para livro, até territórios então menos conhecidos.
Obrigar os leitores a pensar, dar-lhes trabalho, não lhes pôr as coisas fáceis. Obrigá-los a raciocinar, a reflectir, a reagir aos poemas. E dar-lhes como bónus a “festa”, a alegria da surpresa no uso feliz da língua. Alguma coisa química, uma molécula, um neurotransmissor se liberta quando os olhos exteriores levam até ao “olho da mente” de que falava Shakespeare, esse estremeção de novidade e re-conhecimento. Isto só o consegue o poeta que para além de possuir um espírito ético inabalável e uma coragem assinalável, for dono de um espírito de autocrítica fortíssimo. E quem, não tendo pressa, tiver tempo. Não correr atrás da edição. Porque os seus leitores, aqueles que tiveram a amabilidade de o acompanhar até esse estadío da sua obra, são secretamente exigentes e vão querer sempre mais de um autor. Quando sigo um poeta como leitor – e sigo vários – pergunto-me sempre o que será que irá fazer a seguir, se irá conseguir superar-se como poeta. E aqueles que são eticamente briosos, conseguem. Ezra Pound escrevia “make it new”, frase de onde se depreende “otherwise don’t make it at all”. A “festa”, de que fala o título desta mesa, é também esse gozo de perceber que o poema, a crónica, o ensaio, o romance que estamos a ler não só está bem escrito em termos formais, não só é uma boa ideia, como também é algo de novo, algo original, algo que ainda não tinha sido feito, ou dito, daquela maneira.
O terceiro dever, em literatura, é o da profundidade. E compreensivelmente, esta só se adquire com o tempo. É desculpável que quer o leitor, quer o poeta não apreenda, o primeiro, ou não escreva, o segundo, com essa desejável densidade de linguagem numa primeira leitura, ou escrita, de um primeiro livro, mas é desejável que de livro para livro, de leitura para leitura, de ano para ano, de experiência de vida para experiência de vida o vá conseguindo fazer, ou seja, que o poema seja escrito e lido com as diversas camadas que possui. Por mais simples que pareça. A simplicidade é das coisas mais difíceis de atingir em poesia. Mas simplicidade não é, em poesia, antónimo de densidade.
O que se pretende é que em cada leitura ou em cada poema escrito, quer para o leitor quer para o poeta estejam cada vez mais evidentes e presentes o sentido trágico da vida no esplendor da sua complexidade - o enigma, o mistério de que falava Tomas Transtömer. Essa densidade, num poema, atinge-se pela contaminação da poesia pela biologia, a física, a química, a história, a filosofia, a sociologia, a antropologia, as belas artes, as religiões, a mitologia, e principalmente, a própria literatura.
O que isto quer dizer é que nem só de oficina se faz um poema. Um poema contemporâneo vive muito desse magnífico piscar de olho à tradição. Para que a poesia se torne um vicio de conhecimento, de inteligência, de originalidade, de profundidade. Para que se torne uma “festa” para os sentidos, seja em que língua for, em português de Portugal, em português do Brasil, em inglês, alemão, francês, italiano, castelhano, basco, galego ou catalão. Todas as línguas podem ser uma “festa” se se conseguir estabelecer pela qualidade dos textos, um código entre leitor e autor em que cada um oferece ao outro o sublime momento da escrita e da leitura, o máximo que sabe dar: o poeta, desafiando a inteligência do leitor, trazendo-lhe conhecimento, originalidade, e acessibilidade e dificuldade q.b.; o leitor, não desistindo à mais pequena dificuldade, confiando na ética do autor, pesquisando, preparando-se de livro para livro para um enredo cada vez mais denso e profundo. Esse comércio é um intercâmbio de Visões de Mundo, é a linguagem ao serviço do pensamento, e pode, realmente, ser uma “festa”.
Era isto o que tinha para vos dizer hoje. Até à próxima. Até logos.
João Luís Barreto Guimarães
7º Encontro Internacional de Literatura Em Viagem
Matosinhos, 26 de maio de 2013
https://www.facebook.com/notes/jo%C3%A3o-lu%C3%ADs-barreto-guimar%C3%A3es/a-l%C3%ADngua-portuguesa-%C3%A9-uma-festa/10200671311897598
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Helena Sá e Costa, a pianista que "rasgou horizontes para a música"
Centenas de jovens
estudantes e músicos tocam hoje em vários espaços Casa da Música, no
Porto, para celebrar os cem anos do nascimento de Dona Helena.
Professora e intérprete, é uma referência no séc. XX
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Festival Literatura em Viagem presta homenagem a Pessoa, que nem ao Porto terá ido
No "Público" de hoje, artigo de Luís Miguel Queirós
Jerónimo Pizarro abriu os encontros de Matosinhos com uma evocação do poeta cujo Ganges passava na Rua dos Douradores
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sábado, 25 de maio de 2013
150 ANOS DE BIBLIOTECA ESCOLAR
O nosso patrono - José Estêvão
Um dos nossos, que continuamos a honrar - José Pereira Tavares
Um dos nossos, que continuamos a honrar - José Pereira Tavares
pedaços de uma história de 150 anos: o que fomos, o que somos, o que seremos ser
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sexta-feira, 24 de maio de 2013
DIA (S) DE ESCOLA
Esta biblioteca é um passo renovado de uma
outra, a inicial, que fez recentemente 150 anos. É verdade: 1863-2013.
É isso que hoje, 24/06, 10h 15min , no salão polivalente da Escola Secundária José Estêvão, comemoraremos com simplicidade e emoção.
Estaremos de portas abertas para mostrarmos alguns tesouros da nossa memória e da nossa história.
É isso que hoje, 24/06, 10h 15min , no salão polivalente da Escola Secundária José Estêvão, comemoraremos com simplicidade e emoção.
Estaremos de portas abertas para mostrarmos alguns tesouros da nossa memória e da nossa história.
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quinta-feira, 16 de maio de 2013
Nuno Júdice: Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana
O
poeta português Nuno Júdice foi hoje galardoado com o Prémio Rainha
Sofia de Poesia Iberoamericana, que reconhece o conjunto de uma obra de
um autor vivo, cujo valor literário constitui uma contribuição
relevante ao património cultural Ibero-Americano.
Nuno Júdice, de 64 anos, é autor de 30 livros de poesia, entre os quais A Matéria do Poema e Guia dos Conceitos Básicos, editado em 2010. O autor, que começou a publicar poesia em 1972 – A Noção do Poema e O Pavão Sonoro –, tem escrito também obras de ensaio, teatro e ficção. A Dom Quixote publicou, no passado mês de Fevereiro, a novela A Implosão. Além do universo hispânico, Nuno Júdice tem obras traduzidas em Itália, Inglaterra e França.
Nasceu
na Mexilhoeira Grande, Algarve, formou-se em Filologia Românica pela
Universidade Clássica de Lisboa e é professor associado da Universidade
Nova de Lisboa, onde se doutorou em 1989. Entre 1997 e 2004 desempenhou
as funções de conselheiro cultural e director do Instituto Camões em
Paris. Tem publicado estudos sobre teoria da literatura e literatura
portuguesa.Tem livros traduzidos em várias línguas, destacando-se
Espanha, onde tem uma antologia na colecção Visor de poesia, e França, onde está publicado na colecção Poésie/Gallimard. Dirigiu até 1999 a revista Tabacaria, da Casa Fernando Pessoa. Em 2009, assumiu a direcção da revista Colóquio/Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.
O
escritor já foi galardoado com vários prémios literários, nomeadamente
o Prémio Pen Clube, em 1985, o Prémio Dom Dinis, em 1990, o Prémio da
Associação Portuguesa de Escritores, em 1995, e o Prémio Fernando
Namora, em 2004.
Nasceu na Mexilhoeira Grande, Algarve, formou-se em Filologia Românica pela Universidade Clássica de Lisboa e é professor associado da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em 1989. Entre 1997 e 2004 desempenhou as funções de conselheiro cultural e director do Instituto Camões em Paris. Tem publicado estudos sobre teoria da literatura e literatura portuguesa.Tem livros traduzidos em várias línguas, destacando-se Espanha, onde tem uma antologia na colecção Visor de poesia, e França, onde está publicado na colecção Poésie/Gallimard. Dirigiu até 1999 a revista Tabacaria, da Casa Fernando Pessoa. Em 2009, assumiu a direcção da revista Colóquio/Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.
O escritor já foi galardoado com vários prémios literários, nomeadamente o Prémio Pen Clube, em 1985, o Prémio Dom Dinis, em 1990, o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores, em 1995, e o Prémio Fernando Namora, em 2004.
O Prémio, atribuído anualmente, e que em 2003 distinguiu Sophia de
Mello Breyner Andresen, é concedido pelo Património Nacional e pela
Universidade de Salamanca, sendo considerado o mais prestigiado deste
género no universo Ibero-americano.
https://www.facebook.com/nunojudice
"O ar está cheio de palavras; e
até as que se perdem contra o fundo
de muros, as que caem no outono
como as folhas das árvores, as
que se afogam no pântano das indecisões,
deixam no ar o seu eco."
Nuno Júdice, in " Poesia Reunida"
Dom Quixote
https://www.facebook.com/nunojudice
"O ar está cheio de palavras; e
até as que se perdem contra o fundo
de muros, as que caem no outono
como as folhas das árvores, as
que se afogam no pântano das indecisões,
deixam no ar o seu eco."
Nuno Júdice, in " Poesia Reunida"
Dom Quixote
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segunda-feira, 13 de maio de 2013
sexta-feira, 10 de maio de 2013
João Villaret: centenário do nascimento
João Henrique Pereira Villaret nasceu em Lisboa, a 10 de Maio de 1913.
A vocação para a arte de dizer e de representar manifesta-se nele desde tenra idade, mas não sem enfrentar algumas contrariedades. A primeira desilusão surge quando a directora do Anglo-Portuguese College, Miss Price, decide não o integrar na récita do colégio por manifesta "falta de jeito para representar". O sentimento que o pequeno João nutria por Miss Price era recíproco, considerando-a "uma chata". Mas admirava, com veneração, outra professora, de seu nome Amália, que sentia por ele a mesma admiração. Chamava-lhe, com muita ternura, "Frei João sem cuidados". E talvez por essa empatia, essa mútua compreensão, Villaret lia de tal maneira "Os Lusíadas" que a docente ficava rendida e nem se atrevia a sugerir qualquer alteração. Pelo precoce entendimento que tinha da poesia, e por se considerar a sua leitura tão exemplar, o jovem, quando frequentava o 3.º ano no Liceu Passos Manuel, era enviado para as salas do 7.º ano (actual 11.º ano de escolaridade) a ensinar os colegas como se devia ler o nosso grande épico. Quando se matriculou na Secção Teatral do Conservatório Nacional de Lisboa, em 1928, aos quinze anos de idade, ninguém previa que decorridos apenas três anos, na noite de 16 de Outubro de 1931, Villaret se estrearia profissionalmente no Teatro Nacional D. Maria II, integrado na Companhia de Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro, na reposição da peça "Leonor Teles", de Marcelino Mesquita. Assim se iniciava a gloriosa carreira do actor que, no entanto, não se confinaria ao drama e à alta comédia (Gil Vicente, Shakespeare, Molière, Almeida Garrett, Bernard Shaw, Eugene O'Neill, etc.). João Villaret também nutria um especial apreço pelo teatro de revista, onde se vem a estrear em 1941, suscitando o escândalo daqueles que consideravam o género uma arte menor. Em 1947, para a revista "'Tá Bem ou Não 'Tá?", Aníbal Nazaré, António Porto e Nelson de Barros escrevem-lhe o "Fado Falado", verdadeira peça de antologia da história da música e do teatro popular portugueses. Um recitativo sobre uma melodia de fado onde a letra, que jogava habilmente com a mitologia do género, era não cantada mas verdadeiramente "representada" por Villaret, que assim juntou ao cânone da música portuguesa mais um clássico. Outros êxitos vieram depois, como "Esta Vida é um Corridinho" (1952), "Procissão" (1955), "Rosa Araújo" e "Santo António", os dois últimos criados na revista "Não Faças Ondas!" (1956).
Na sétima arte, participou nos seguintes filmes: "Bocage" (1936), de José Leitão de Barros, onde encarnou o rei D. João VI; "O Pai Tirano" (1941), de António Lopes Ribeiro; "O Violino do João" (1944), de Braz Alves; "Inês de Castro" (1945), de José Leitão de Barros, onde encarnou o papel de bobo; "Camões" (1946), também de Leitão de Barros, onde desempenhou o papel de D. João III; "Três Espelhos" (1947), co-produção luso-espanhola realizada por Ladisdao Vadja; "Frei Luís de Sousa" (1950), de António Lopes Ribeiro, onde encarnou a figura do aio Telmo Pais, talvez o seu desempenho mais sublime no cinema; e "O Primo Basílio" (1959), igualmente de António Lopes Ribeiro.
Com uma sensibilidade invulgar e dotado de uma notável intensidade expressiva aliada a um inexcedível poder de comunicação, reabilitou a difícil arte de recitar poesia, prendendo a atenção do expectador, quer em sessões ao vivo (uma que realizou no Teatro de São Luiz seria editada em disco), quer através da televisão. «Não digo versos; procuro reproduzir o momento de angústia, de alegria, de revolta que o poeta sentiu ao escrever o seu poema. Recitando, encontro a plena libertação, pois dou-me esse infinito gosto de interpretar aquilo que amo e que me tocou profundamente.» E Miguel Torga referiu-se-lhe nestes termos: «Nunca é demais agradecer a Villaret o que ele tem feito pela poesia. Os poetas devem-lhe uma espécie de requintada edição oral de alguns dos seus melhores versos; o público, esse resgata-se a ouvi-lo da preguiça que o afastava tragicamente dum convívio que nenhum oiro da terra pode suprir.»
O falecimento prematuro de João Villaret, no auge da glória, vítima de doença cancerosa, a 21 de Janeiro de 1961, causou imensa consternação no país, de tal forma que, durante muitos anos, os lisboetas assinalavam o dia da sua morte com um recital de poesia no Cinema São Jorge, onde a sua voz se ouvia num palco vazio iluminado apenas por um foco de luz. Em sua homenagem, Raul Solnado deu o seu nome ao teatro que abriu, em 1965, na Avenida Fontes Pereira de Melo (às Picoas).
Não sendo muita extensa, a discografia que nos legou constitui um precioso testemunho da sua inigualável arte de dar voz às palavras. Aqui se apresentam dois magníficos espécimes: o poema "Tabacaria", de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, e a cantiga "Santo António" (letra de Fernando Santos e música de João Nobre):
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quinta-feira, 9 de maio de 2013
HOJE É O DIA DA EUROPA
SABE, PORVENTURA, O QUE É A EUROPA?
Para desassossego bastava-lhe o seu. Ainda na última assembleia da Associação da Agricultura, o biltre do Zé Botto tivera a desfaçatez de largar uma girândola a favor da industrialização do País, citando exemplos de pequenas nações, cujo peso, dizia ele, se fazia sentir na economia da Europa. Levava o recado estudado por certo grupo financeiro que propagandeava os milagres da sociedade anónima, à sombra da qual enchia as burras, pois muitas delas só tinham realmente realizado uns dois por cento do capital consentido pelo governo e impresso na papelada timbrada com que manejavam créditos bancários. Cortara-lhe o fôlego num aparte: «— Sabe, porventura, o que é a Europa, senhor José Botto?» e o malandrim, embatucado, mas a guizalhar cinismo, respondera-lhe que «mais ou menos atrás do sol-posto».
Alves Redol, "Barranco de Cegos"
Para desassossego bastava-lhe o seu. Ainda na última assembleia da Associação da Agricultura, o biltre do Zé Botto tivera a desfaçatez de largar uma girândola a favor da industrialização do País, citando exemplos de pequenas nações, cujo peso, dizia ele, se fazia sentir na economia da Europa. Levava o recado estudado por certo grupo financeiro que propagandeava os milagres da sociedade anónima, à sombra da qual enchia as burras, pois muitas delas só tinham realmente realizado uns dois por cento do capital consentido pelo governo e impresso na papelada timbrada com que manejavam créditos bancários. Cortara-lhe o fôlego num aparte: «— Sabe, porventura, o que é a Europa, senhor José Botto?» e o malandrim, embatucado, mas a guizalhar cinismo, respondera-lhe que «mais ou menos atrás do sol-posto».
Alves Redol, "Barranco de Cegos"
quarta-feira, 8 de maio de 2013
terça-feira, 7 de maio de 2013
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