sábado, 30 de junho de 2012

Escritora Dulce Maria Cardoso condecorada em França



A edição dos livros “Campo de Sangue” (2002), “Os Meus Sentimentos” (2005) e “Até Nós” (2008), já traduzidos em França e noutras línguas, valeu à escritora Dulce Maria Cardoso (n. 1964) a condecoração francesa de Cavaleira da Ordem das Artes e Letras.

O Ministério da Cultura francês justifica a distinção — a entregar em Lisboa, em data ainda a designar — pelo papel que a obra da escritora tem na “irradiação da cultura em França e no mundo”.


Criada em 1957, a condecoração da Ordem das Artes e das Letras corresponde a uma das mais altas distinções honoríficas da República Francesa e homenageia personalidades que se destacaram pela sua contribuição na difusão da cultura em França.

Entre os portugueses que já receberam esta condecoração estão os escritores Lídia Jorge e António Lobo Antunes, a fadista Mariza, o comendador Joe Berardo, o ensaísta Eduardo Lourenço, o editor Manuel Alberto Valente, o coreógrafo e bailarino Rui Horta, a actriz Leonor Silveira, o jornalista Carlos Pinto Coelho e o encenador Joaquim Benite.

Dulce Maria Cardoso, que em 2009 recebeu o Prémio Europeu de Literatura pelo romance “Os Meus Sentimentos”, é autora do livro de contos “Até Nós” e do romance “O Chão dos Pardais” publicado em Portugal em 2009. Em 2011 publicou “O retorno”, sobre a experiência dos retornados, da descolonização de Angola (de onde saiu na infância, via Ponte Aérea), do fim do Império e das suas consequências no Portugal contemporâneo. O romance foi considerado pela crítica como o melhor do ano e venceu ainda o prémio especial da crítica nos Prémios LER/Booktailors 2011.

A escritora nasceu em Trás-os-Montes em 1964, passou a infância em Angola e vive agora em Lisboa. Formou-se na Faculdade de Direito de Lisboa e o seu primeiro romance “Campo de Sangue” recebeu o Grande Prémio Acontece de Romance.


http://publico.pt/Cultura/franca-condecora-a-escritora-dulce-maria-cardoso-1552419

terça-feira, 12 de junho de 2012

Londres 2012 - Vida no campo invade cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos

http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1550025

Vacas, patos, cavalos, todos juntos num prado, ao som de "Underworld", e está criado o cenário para a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Danny Boyle, o director artístico, inspirou-se em "Frankenstein" mas chamou-lhe “Isles of Wonder”, numa alusão à "Tempestade" de Shakespeare.
Quando a 27 de Julho, pelas 21h, tocar o maior sino da Europa a assinalar a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, a atmosfera será invadida pelos ares do campo, pois o Estádio Olímpico da capital britânica vai ser transformado num prado, onde não vão faltar animais e outras surpresas.

A ideia para este cenário rural partiu do cineasta Danny Boyle, o director artístico do maior evento desportivo do ano, que encontrou no campo um ambiente comum aos quatro países que compõem o Reino Unido. “[A Grã-Bretanha rural] é real e reúne as quatro nações. É algo que se espalha por todas as nossas terras, mas também desapareceu, tal como uma memória de infância”, afirmou.

Além das 70 ovelhas, 12 cavalos, dez galinhas, nove gansos, três vacas, três cães pastores e duas cabras, também está planeado um jogo de críquete para a cerimónia de abertura, que deverá demorar três horas. “É um verdadeiro prado com relva e animais reais e é realmente algo de que nos orgulhamos”, referiu o cineasta que venceu um Óscar pela realização de “Quem quer ser bilionário”. No recinto, as famílias vão poder organizar piqueniques, fazer desporto e os agricultores cultivar o solo. Os atletas olímpicos vão desfilar à volta do prado, composto por pequenos campos separados por um rio e algumas sebes.

Os ritmos electrónicos de "Underworld" servirão de banda sonora ao evento e, nas duas extremidades do estádio, haverá áreas especialmente criadas para “moches”, onde, tal como nos concertos rock, o público dança de forma violenta. Um dos lados deverá evocar o espírito do festival de "pop" de Glastonbury, que se realiza numa leitaria do Sudoeste de Inglaterra e o outro deverá reflectir a última noite dos "Proms", uma celebração anual de música clássica.
Apesar de Boyle ter afirmado à revista Vogue que se inspirou em algumas ideias do romance “Frankenstein” de Mary Shelley, foi à peça “Tempestade”, de Shakespeare, que a cerimónia foi buscar o nome: “Isles of Wonder”, sendo que a cena de abertura se vai chamar “Green and Pleasant”.

A cerimónia, marcada para 27 de Julho, deverá prolongar-se até à meia-noite e custará cerca de 34 milhões de euros. Danny Boyle preocupou-se em afastar-se do elevado orçamento dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e aproximar-se do espírito de humanidade dos de Sidney, que, no ano 2000, receberam o título de jogos do Povo. Estima-se uma audiência televisiva de mais de mil milhões de pessoas.

domingo, 10 de junho de 2012

Artista plástica Maria Keil morreu aos 97 anos

http://www.publico.pt/Cultura/artista-plastica-maria-keil-morreu-aos-97-anos-1549729


Maria Keil, fotografada em 2007 Maria Keil, fotografada em 2007 (Nuno Ferreira Santos)
A artista plástica Maria Keil, 97 anos, autora de vários painéis de azulejos das primeiras estações do metropolitano da capital, morreu neste domingo em Lisboa.

Maria Keil definia-se como uma “mulher de várias artes”, mas notabilizou-se na azulejaria, o que lhe valeu em Maio o prémio especial SOS Azulejo Obra e Vida. Natural de Silves, era viúva do arquitecto Francisco Keil do Amaral.

Afirmava-se como “uma artista”: pintora, desenhadora, ilustradora, decoradora de interiores, designer gráfica e de mobiliário, ceramista, cenógrafa e figurinista, autora de cartões para tapeçaria “e, sobretudo, de composições azulejares”.

Em 2009, em declarações à agência Lusa, afirmou: “Trabalho com muito gosto, na realidade faço o que se faz há milhares de anos, uma técnica conhecida, o quadrado de 14X14 cm e com tintas de água”, disse, entre risos. “É um material pobre, talvez por isso não seja tão apreciado”, acrescentou.

Maia Keil a partir da década de 1950 e ao longo da seguinte dedicou-se especialmente ao azulejo, tendo realizado gratuitamente a decoração azulejar de todas as estações do Metropolitano de Lisboa inaugurado em finais de 1959.

Contou que o marido, responsável pela rede do metropolitano de Lisboa, “chegou a casa preocupado com falta de dinheiro para acabar o projecto” quando ela lhe sugeriu os azulejos.

“É uma arte barata, mas vistosa, e muito adequada aos espaços públicos. Por ordem do [Presidente do Conselho] Oliveira Salazar, os azulejos não podiam ser figurativos, daí ter optado pelo abstracto”, contou.

Em 2009 voltou a trabalhar no metropolitano, desta feita com o arquitecto Tiago Henriques, na extensão da estação de S. Sebastião da Pedreira, para a qual fizera os primeiros painéis, em 1959.

Também nesse ano, foi distinguida com o Grande Prémio Aquisição pela Academia Nacional de Belas Artes. Na ocasião, o presidente da Academia, António Valdemar afirmou: “Maria Keil tem um lugar muito representativo no panorama português do século XX da pintura, do desenho, da cerâmica, da ilustração e ‘design’ do livro e até da filatelia”

Maria Keil estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde frequentou as aulas do pintor Veloso Salgado. Iniciou a actividade aos 20 anos, dedicando-se sobretudo ao retrato, naturezas-mortas e também à decoração.

Em 1937, executou um motivo decorativo na “Salle IV - Outremer” do Pavilhão de Portugal, na Exposition Internationale de Paris e dois anos mais tarde, realizou a primeira exposição individual de pintura e desenho na Galeria Larbom, em Lisboa.

Em 1940 foi uma das artistas da Exposição do Mundo Português, e ao longo dessa década realizou vários projectos de decoração mural, mobiliário, cenários e figurinos para o Grupo de Bailados Verde Gaio, e cartões para tapeçarias, designadamente as de Portalegre.

Uma outra actividade paralela que manteve foi a de ilustradora para publicidade.

Em 1941 foi distinguida com o Prémio de revelação Souza-Cardoso pelo seu “Auto-Retrato”. Em 1970 esteve presente na exposição “Maioliche Portoghesi”, em Florença (Itália).

Na década seguinte com bolseira da Fundação Gulbenkian, concretizou um projecto de estudo sobre as tendências da ilustração para crianças.

Como autora e ilustradora publicou cinco livros: “O Pau-de-Fileira”, “Os presentes”, “As três maçãs”, para crianças, e “Árvores de Domingo” e “Anjos do mal”, para adultos. Ilustrou numerosas obras, nomeadamente livros para crianças, de autores como Matilde Rosa Araújo ou Aquilino Ribeiro de quem dizia “gostar particularmente”.

Fez desenhos para as colectâneas sobre Bernardim Ribeiro, Castro Alves, Olavo Bilac e Tomás António Gonzaga, integradas na colecção “As mais belas poesias da língua portuguesa”.

É também autora de ilustrações para revistas, entre as quais Panorama, Seara Nova, Vértice, Ver e crer e Eva.