segunda-feira, 20 de julho de 2009

1969, 20 de Julho, "Walking on the Moon" (Sting & The Police)


"Niel Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.
Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até aos pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão ao vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.
Numa cama de rede, penduradada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.
Cá de longe, na Terra, num burburinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam,
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.
Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.
Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.
Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira
da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho."

A. Gedeão, "Novos Poemas Póstumos", Ed. Sá da Costa, 1990

Chegada do Homem à Lua

40 anos da chegada do Homem à Lua - um acontecimento dos mais importantes do último século, marca um dos maiores feitos da humanidade.

"Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade", disse o astronauta Neil Amstrong ao pisar o mar da Tranquilidade, em 20 de Julho de 1969.

domingo, 12 de julho de 2009

Julieta Monginho ganhou Grande Prémio da APE


"A Terceira Mãe", de Julieta Monginho, editado pela Campo das Letras, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela APE/Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas, no valor de 15.000 euros. Ao Prémio concorreram 101 obras, o maior número de sempre, de 101 escritores - 69 homens e 32 mulheres - tendo a chancela de 35 editoras.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Bookcrossing? O que é?


"O Bookcrossing é um clube de livros global, que atravessa o tempo e o espaço. É um grupo de leitura que não conhece limites geográficos. Os seus membros gostam tanto de livros que não se importam de se separar deles, libertando-os, para que possam ser encontrados por outros.

O objectivo do Bookcrossing é transformar o mundo inteiro numa biblioteca."




http://www.bookcrossing-portugal.com/


Neste site de apoio português procura-se esclarecer todos os bookcrossers de língua portuguesa sobre o movimento bookcrossing e as iniciativas desenvolvidas em Portugal.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

BYPASS


A BYPASS é uma publicação hiperdisciplinar anual, editada por Álvaro Seiça Neves e Gaëlle Silva Marques, que convida vários autores, de diversas áreas e nacionalidades, a apresentarem um trabalho escrito/visual sobre o tema proposto para cada número. O tema do número inaugural é ARQUITECTURA e é dado a conhecer hoje na Casa Fernando Pessoa .


Só por curiosidade e com orgulho: Álvaro Seiça Neves foi aluno na nossa escola!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

“De Amadeo a Paula Rego, 50 Anos de Arte Portuguesa (1910-1960)”

Exposição no MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA – MUSEU DO CHIADO, até 31.10.2009


Esta exposição traça um percurso pelas práticas artísticas da primeira metade do século XX, em Portugal, e apresenta a sua lenta e complexa modernização num contexto cultural e politicamente adverso. Quando as distâncias entre os países europeus iniciaram o seu processo de colapso e a circulação da informação se constituiu como parte triunfante do novo mundo, a arte moderna portuguesa desenvolveu-se por episódios singulares e amplas descontinuidades. A reacção a este contexto foi a emigração de alguns dos mais relevantes artistas para Paris: primeiro Amadeo de Souza-Cardoso, situação interrompida pela Grande Guerra e sua morte prematura; posteriormente o caso maior e definitivo de Maria Helena Vieira da Silva, a quem Salazar viria a retirar a própria nacionalidade.

As dinâmicas das vanguardas sobre o incipiente contexto moderno permitiram construir um conjunto significativo de experiências, quer no início do século, quer na transição da década de 40 para 50s, com a terceira geração modernista. Também pela primeira vez se apresentam os desenvolvimentos da prática fotográfica desenvolvidos neste período. Quase sempre marginalizados pela História da Arte surgem agora como uma participação plena e em diálogo com as outras práticas artísticas. É para esta época e reconfiguração da modernidade então operada, que esta exposição presta especial atenção. Foram de facto os Abstraccionistas, os Neo-realistas e os Surrealistas que produziram essa modernidade prometida por Amadeo de Souza-Cardoso, passada como testemunho por Almada Negreiros e que estes artistas deram corpo e conflitualidade. No seu limite Joaquim Rodrigo e Paula Rego abriram outros caminhos para novas ficções.


Pedro Lapa, Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado


http://www.mnac-museudochiado.imc-ip.pt/

segunda-feira, 6 de julho de 2009

João Coração

Foi aluno na nossa escola, "O mais surpreendente compositor, cançonetista, humorista e anti-ícone pop nascido nesta desamada pátria nos últimos muitos anos" - João Coração é o seu nome artístico.

Teve hoje lançado o seu segundo álbum de estúdio, “Muda que Muda”. Guitarra, bateria, clarinete e teclas compõem a formação da banda que acompanha o vocalista (...) num "tratado pop onde cabem Talking Heads, Gainsbourg, palmas, coros desbragados, órgãos "kitsch", westerns, luso-honky-tonks e as canções que vão ganhar o Festival da Eurovisão. É o rei do charme tuga, é o disco pop deste Verão."

"Num momento em que voltou a ser cool cantar em português, João é mais uma prova de que alguma da melhor música portuguesa da actualidade tem um enorme Coração ."


http://ipsilon.publico.pt/musica/critica.aspx?id=235570


http://www.ruadebaixo.com/joao-coracao-maxime-19-de-junho.html

sábado, 4 de julho de 2009

LISBOA - Um miradouro para Sophia

Digo:
«Lisboa»
Quando atravesso – vinda do sul – o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas –
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
– Digo para ver


Sophia de Mello Breyner Andresen


Este poema está desde ontem numa placa, no miradouro da Graça que agora tem o nome da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen falecida há cinco anos.

Trata-se de parte de um projecto arquitectónico assinado por Gonçalo Ribeiro Telles (que já desenhara o jardim da casa de Sophia, na Travessa das Mónicas, ali perto).

Assistiram à homenagem familiares da escritora e vários amigos da família, membros da autarquia, escritores e editores, entre os quais Manuel Alegre, António Osório, Pilar del Río, Teresa Belo, Zeferino Coelho, Lídia Jorge, Inês Pedrosa, Jerónimo Pizarro, Maria Teresa Horta e um grupo de senhoras octogenárias, antigas vizinhas de Sophia.
Foi ainda inaugurado um busto de António Duarte, réplica de um original em bronze, esculpido nos anos 50. O rosto de Sophia olha de frente para a cidade «oscilando como uma grande barca», para o castelo, para o «corpo amontoado de colinas», para o rio ao fundo.

“Se tivesse sido membro da Academia Sueca, teria votado no nome de Sophia para Prémio Nobel em vez de Saramago” disse, não uma nem duas vezes, José Saramago, admirador de Sophia de Mello Breyner Andresen sobre quem escreveu também que havia alcançado como poeta a perfeição e a beleza da linha pura.



http://blogpt.josesaramago.org/2009/07/03/%c2%abao-olhar-sem-fim-o-sucessivo%c2%bb-homenagem-a-sophia/


http://bibliotecariodebabel.com/