revista LER:
http://sapoblogs.do.sapo.pt/ler/autoresinfluentes.pdf
“Eu sou um outro”, escreveu Rimbaud. “Contenho multidões”, exclamava Whitman. Fernando Pessoa fundiu as duas ideias: foi outros, muitos outros, uma multidão de outros. O poeta secreto, empregado de escritório comum a arca de textos quase infinita em casa, modernista da geração de Orpheu, não se limitou a inventar os heterónimos; antes criou para si mesmo uma literatura inteira.Talvez por isso, houve poucos escritores portugueses que se tenham abrigado à sua sombra, que é dizer também a sombra de Álvaro de Campos, Alberto Caeiro ou Ricardo Reis. Por muito que paire sobre nós, dominadora, a obra de Pessoa é tão excepcional, tão fulgurantemente única, que não deixou discípulos ou epígonos. No estrangeiro, tornou-se entretanto o epítome das letras lusas e da nossa problemática identidade, bem como do nosso imobilismo reflexivo e melancólico,
tão bem fixado nessa obra-prima absoluta que é o inacabado (e inacabável) Livro do Desassossego, de Bernardo Soares.
O que nos ensinou: o milagre da heteronímia (através da qual antecipou as fragmentações e desdobramentos da pós-modernidade).
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“Eu sou um outro”, escreveu Rimbaud. “Contenho multidões”, exclamava Whitman. Fernando Pessoa fundiu as duas ideias: foi outros, muitos outros, uma multidão de outros. O poeta secreto, empregado de escritório comum a arca de textos quase infinita em casa, modernista da geração de Orpheu, não se limitou a inventar os heterónimos; antes criou para si mesmo uma literatura inteira.Talvez por isso, houve poucos escritores portugueses que se tenham abrigado à sua sombra, que é dizer também a sombra de Álvaro de Campos, Alberto Caeiro ou Ricardo Reis. Por muito que paire sobre nós, dominadora, a obra de Pessoa é tão excepcional, tão fulgurantemente única, que não deixou discípulos ou epígonos. No estrangeiro, tornou-se entretanto o epítome das letras lusas e da nossa problemática identidade, bem como do nosso imobilismo reflexivo e melancólico,
tão bem fixado nessa obra-prima absoluta que é o inacabado (e inacabável) Livro do Desassossego, de Bernardo Soares.
O que nos ensinou: o milagre da heteronímia (através da qual antecipou as fragmentações e desdobramentos da pós-modernidade).
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