quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SEMANA DA LEITURA - IV

Nuno Camarneiro, tal como a caneta do Professor Delfim o viu - o desenho que usámos nos marcadores de leitura e no cartaz da sessão com o escritor.

“As pessoas gostam de usar palavras que não são de ninguém. Todos os dias há milhões de sentimentos, de desejos, de opiniões expressas com palavras forasteiras. Quantas vezes serão os sentimentos a adequar-se às palavras, e não o contrário? Seremos tão parecidos que não precisemos de encontrar as palavras que nos sirvam?

Os artistas têm muitos nomes para diferentes azuis, os esquimós têm muitas palavras para diferentes tipos de gelo. Os apaixonados deveriam ter também muitas palavras para o “amor”: o amor da manhã, o amor do fim, o amor do passado, o amor possível.

Todos deveríamos ter diferentes palavras para “eu”: o eu que eu sinto, o eu que tu vês, o eu que não sou.

A parte pelo todo, o todo pela parte. Andamos nisso, a praticar sinédoques como se falássemos ou quiséssemos bem a alguém, tomando a parte pelo todo que não haveremos nunca de conhecer. Assim conseguimos dormir muitas noites enquanto dizemos para dentro “está tudo bem, não penses mais nisso”.

(Nuno Camarneiro, “No meu peito não cabem pássaros”, p. 50)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SEMANA DA LEITURA - III

Nuno Camarneiro, dando autógrafos, hoje, na nossa escola (foto das alunas Inês F e Damila, 11º G)

"Um homem a escrever pode virar o mundo para onde quer. No código certo de letras atrás de letras está tudo o que se conhece, passado, futuro e o presente como deve ser. Um exército venceu uma batalha porque está escrito num livro, um homem morreu, um império caiu, um deus veio à terra. O homem é palavra, o império é palavra, o exército e deus e tudo são palavras inventadas quando a gente se fez gente."

( Nuno Camarneiro, “No meu peito não cabem pássaros”, p. 93)


“Viver num sítio é ser esse sítio, emprestar-lhe uma alma e receber outra em troca. As biografias deviam ordenar-se por lugares, e não por datas. Nesta rua fui assim, numa outra fui diverso. Ninguém sabe descrever uma cidade, são as cidades que nos escrevem a nós.”

(Nuno Camarneiro, “No meu peito não cabem pássaros”, p. 31)

“Quando um achador de terras se cansa de procurar caminhos, resta-lhe desistir ou abrir uma estrada nova, assim com os seus avós, assim consigo mesmo. Por uma estrada inventada chega-se a qualquer lugar e por palavras escritas chega-se a qualquer vida em qualquer época. Começa-se devagar, com descrença, e vai-se andando encostado ao desespero até que as palavras visitem os sonhos e tomem conta deles. Primeiro uma vida, depois outras que a suportem e justifiquem. Vidas ao lado e vidas antigas, vidas que hão de vir e outras que nunca chegaram a ser. Todas fazem falta, todas servem.”

(Nuno Camarneiro, “No meu peito não cabem pássaros”. p. 181)

SEMANA DA LEITURA - II


O fim da manhã foi adoçado pelo Nuno Camarneiro, o seu "acordarumdia" e "No meu peito não cabem pássaros" - nos nossos peitos caberiam todos os pássaros, não acham? Parabéns ao 9º B, ao 10º I e ao 11º G pelas suas participações tão empenhadas.
A tarde foi surpreendida pelo David Costa, do TA, a representar os contos "O Tesouro" (Eça de Queirós), o "Alma Grande" (Miguel Torga) e a "Dama Pé-de-Cabra" (Alexandre Herculano), especialmente para o 7º B e o 7º C - quinta-feira será a vez do 7º A e do 7º D .
E viva a Literatura Portuguesa! E viva a leitura!
Aulas em cheio, hem, meninos!? Mas a escola não pode ser assim todos os dias!...

SEMANA DA LEITURA - I

Estamos prontos!
E assim, festivamente, nos preparámos para agradáveis convívios de leituras partilhadas ao longo da semana!

Desde já, agradecemos a todos os que nos visitarem: ao escritor, ao ator , aos leitores.


“Lá fora vai um mundo de outros que fazem milhares de gestos necessários: caminham, comem respiram e vivem as vidas que podem viver. A vida é uma dádiva que requer manutenção, precisa de gestos pequenos como dar corda ao relógio ou sorrir a quem passa.”

( Nuno Camarneiro, “No meu peito não cabem pássaros”)