domingo, 18 de outubro de 2009

PRÉMIO JOSÉ SARAMAGO 2009 - JOÃO TORDO É O VENCEDOR

João Tordo, um jovem escritor de 34 anos, venceu o Prémio José Saramago 2009, que a partir do próximo ano será atribuído também em Espanha, de forma bianual.
Trata-se de umgalardão instituído pela Fundação Círculo de Leitores com o apoio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

As edições anteriores do prémio contemplaram Paulo José Miranda (1999 - "Natureza Morta"), José Luís Peixoto (2001 - "Nenhum Olhar"), Adriana Lisboa (2003 - "Sinfonia em Branco"), Gonçalo M. Tavares (2005 - "Jerusalém") e Valter Hugo Mãe (2007 - "O remorso de Baltasar Serapião").

‘As Três Vidas’, romance do filho do cantor Fernando Tordo e de Isabel Branco, foi elogiado por Saramago, que criticou a "americanização" da língua portuguesa, apelando à defesa do nosso idioma. "Gostei do livro. Temos de defender e cultivar a nossa língua. A escrita tem de ser composta por 70% de linguagem, da mesma forma que o nosso corpo é composto por 70% de água", disse o Nobel da Literatura, no Museu Municipal de Penafiel, cidade que acolhe o Festival Escritaria, este ano dedicado a Saramago.

O jovem, que concorda plenamente com a receita de Saramago, explicou que a partir de agora sente mais responsabilidade enquanto escritor. "É um prémio que tem mais a ver com o futuro do que com o passado. Tem a ver com o que falta fazer. Saramago é um prémio ao qual temos de fazer jus", disse o premiado.

‘As Três Tidas’ é um romance que passa durante trinta anos, no Alentejo, em Lisboa e Nova Iorque. Leva o leitor a desvendar os mistérios que rodeiam a vida de um velho senhor, dono de um casarão de província.
nas palavras do autor, "(...) é um livro que pode ser lido por todos, desde os 17 aos 77 anos, que tem a ver com o mistério, a aventura, o policial, com momentos de tensão e também momentos de introspecção".


Algumas declarações do júri
IN http://www.josesaramago.org/noticias/noticiasDetalle.php?i=280

Das declarações do júri:

"O autor tem verdadeiras qualidades de ficcionista, sendo especialmente hábil na montagem das sequências narrativas e na caracterização de algumas personagens."

Vasco Graça Moura

"Trava-se, ao longo da narrativa, o contínuo questionamento de uma moral à qual o narrador estivera familiarmente cingido. E tece um discurso dolorido em que ele, perpétua primeira pessoa, ao mergulhar em uma série de acertos malignos, imerge em um desespero irrenunciável."

Nelida Piñón

"Romance assumidamente influenciado pela atmosfera melvilleana de Moby Dick, veicula uma poética fundamental na intertextualidade, espécie de jogo que o autor estabelece com o leitor, com a sua memória cultural e literária."

Maria Nazaré Gomes dos Santos

"Em cada mínomo ponto da estratégia narrativa se reflecte o essencial da complexa estruturação do romance (em abismo). Viver em cima de Três Vidas experimentam as personagens Camila, MP eos secretários, mas também cada um dos múltiplos participantes, como Ustinov ou o Dr. Watson."

Maria de Santa Cruz

"Este é, pois, um romance que cumpre as regras, relacionando os espaços e os tempos com o claro domínio da história que nunca se fecha de forma definitiva permitindo ao leitor uma infinidade de leituras."

Ana Paula Tavares

"Este é, por isso, um romance com a indesmentível força da clássica narrativa fechada, embora expansivamente aberta à representação multifacetada da experiência humana."

Manuel Frias Martins

"Temos escritor."

Pilar del Río




Biografia de João Tordo:

Escritor e jornalista português nascido em 1975, em Lisboa. Formou-se em Filosofia na Universidade Nova de Lisboa e, de seguida, optou por estudar jornalismo em Londres, Inglaterra. João Tordo viveu na capital inglesa durante três anos, entre 1999 e 2002, e durante este período escreveu artigos para publicações como o semanário O Independente e as revistas Ícon e Notícias Magazine, assim como para a BBC World Service. Entretanto, começou a produzir textos literários e em 2001 foi o vencedor do prémio de Jovens Criadores do Instituto Português da Juventude. Em 2002, após deixar Londres, João Tordo mudou-se para os Estados Unidos da América e em Nova Iorque participou em workshops de Escrita Criativa do City College. Regressou então a Lisboa para trabalhar como jornalista freelancer, nomeadamente para as revistas Sábado e Elle e para o semanário Expressoe o JL. Em finais de 2004 lançou o seu romance de estreia, "O Livro dos Homens Sem Luz", uma história de mistério cuja acção decorre em Londres e que é inspirada em autores como Edgar Allan Poe e nos ambientes dos contos góticos. "Hotel Memória" é outro romance seu, publicado em 2007.


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