segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A BIBLIOTECA ESCOLAR – PASSADO, PRESENTE E FUTURO

De uma Acção de Formação realizada no âmbito das BE's resultou este texto que julgo valer a pena relembrar.


A BIBLIOTECA ESCOLAR – PASSADO, PRESENTE E FUTURO


“Ninguém morre por não saber ler. Pode é, ao ler, descobrir que alberga outras vidas, outros sonhos e outros seres dentro de si.”
(
José Jorge Letria, Do Sentimento Mágico da Vida)


Cada biblioteca é um pedaço do universo. Espaço inspirador e vibrante, a B. E. é um ventre enorme, acolhedor, sempre pronto a dar à luz. Essencial à operacionalização do conceito de literacia, tal espaço constitui uma unidade de informação, pesquisa, trabalho, partilha, divulgação, leitura, escrita, aprendizagem continuada… conjugando a curiosidade, o interesse, o prazer, o esforço, o trabalho…
No passado, era o reino do livro, dos depósitos documentais, da “memória vegetal” (Umberto Eco)- do papel. No presente, que já é futuro, o “papel” co-habita com “o pixel”: a actividade cerebral, humana, a ”memória orgânica” inter-age com a “memória mineral”, o computador, a Web2.0; os leitores da geração “Wikis” , Ebooks e blogues já não são só leitores, mas “escrileitores” ou “Wreaders”. Atenta à mudança, a actual B. E. absorve novas e diferentes formas materiais, uma multiplicidade de objectos culturais, uma pluralidade de linguagens.
Portanto, é legítimo perguntar-se: tem de haver espaço para tudo na B.E.?
É certo que ela se deve modernizar, adaptar, visando as necessidades e os interesses dos utentes contemporâneos. À escola, aos alunos e professores, às Bibliotecas em geral, e particularmente às B. E.s são colocados novos desafios. O ensino necessita de ser re-inventado. A quantidade de conhecimentos que as sociedades modernas produzem aumentam progressivamente, as fontes são cada vez mais numerosas, intensifica-se a velocidade a que circulam.
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação tem suscitado o questionamento do papel do livro impresso no mundo actual, que seria substituído por novas formas e técnicas de produção, reprodução e difusão de conteúdos. Sobretudo na última década vem-se assistindo ao aparecimento de livros em versão digital e de dispositivos de leitura de livros electrónicos. Há quase um século, Paul Valéry apregoava que “um livro é uma máquina de ler!”… E nunca como hoje isso foi tão verdade. As animações em computador dos poemas construtivistas e experimentalistas de E. de Melo e Castro são tão espectaculares que se pode dizer que esses textos parecem ter estado à espera dos media electrónicos. “Todos estes textos fisicamente movíveis dão-nos a ilusão, como leitores, de uma liberdade absoluta, mas é apenas uma ilusão. A máquina que nos permite construir um texto infinito com um número limitado de letras já existe há muito tempo: é o alfabeto.” (Umberto Eco)
Ora, este mundo mais imediato não deixa de proporcionar novas potencialidades e oportunidades. Por exemplo, a democratização do acesso às TIC pode facilitar o e-Learning, não apenas institucional, mas também o acesso de meros “curiosos” de todos os lugares e idades. E os meios são espantosamente variados e numerosos.
A Internet disponibiliza recursos de forma atraente, por isso ocupa um lugar de destaque nas bibliotecas escolares. Contudo, nem sempre estes recursos são aproveitados e explorados da melhor forma. A net disponibiliza recursos…. Isso já é passado! A Internet é uma ferramenta motivadora no processo de aprendizagem. O sistema educativo, ao integrar as novas tecnologias, renovou as metodologias e práticas; assim transmitir, adquirir, partilhar e pesquisar informação e conhecimentos tornou-se mais acessível a todos. Um novo paradigma chegou: a WEB 2.
Neste paradigma privilegiam-se os ambientes interactivos, a criação e a publicação de conteúdos. Não basta pesquisar! A troca de informação, a colaboração constante entre parceiros e a disponibilização de um conjunto de serviços virtuais é uma realidade. Nós somos parte integrante da Web 2.0. A WEB 2.0 proporciona o renascimento do conceito de Biblioteca: a Biblioteca 2.0. Este é o nome dado às Bibliotecas que recorrem às ideias e aplicações da Web 2.0. Oferecem-se politicas e serviços que promovam uma participação activa da comunidade de utilizadores na criação de conteúdos. A biblioteca apresenta-se aberta, sem limites, universal e apelando à participação.A Biblioteca web2.0 deverá estar assente em quatro pilares:O utilizador – é activo, faz parte do processo, participa na construção dos conteúdos.Oferece uma experiência multimédia – “ colecções e serviços de Biblioteca 2.0, contêm componentes de áudio e vídeo.” (Maness, 2006) A vertente social é valorizada, pois a comunicação torna-se mais rica e diversificada.É comunitariamente inovadora isto é, os serviços estão disponíveis não a alguns indivíduos, mas toda a comunidade pode pesquisar, seleccionar e utilizar a informação. Qual a grande novidade desta nova Biblioteca? - A “ Biblioteca web2.0 é uma comunidade virtual centrada no utilizador.” (Maness, 2006) Agora, o lema é o utilizador procura a biblioteca e a biblioteca procura o utilizador, numa relação cooperativa. Os sítios Web das bibliotecas podem ser locais onde o utilizador pode contribuir, escrever, dar a sua opinião, editar e criar informação. Pode ainda criar uma comunidade temática e criar conexões. Com a web Biblioteca 2.0, a biblioteca de futuro, ter-se-á de repensar a sua missão e a colecção. A missão e a política deverão valorizar a cooperação e um acesso mais abrangente.O valor da colecção reside na acessibilidade e não no número de publicações.

Parece-nos que a complementaridade livro/documento em formato papel e documento em formato digital será a dominante. No entanto, será que a nível técnico e científico o mundo digital ganhará cada vez mais terreno?
O mundo de hoje, o mundo da sociedade da informação e do conhecimento, não é plano. É antes, um universo atravessado por fluxos contínuos, pautado pela celeridade, a crescente complexidade e inter-acção. A B. E. aproxima-se mais da ideia de um interface, colaborativo, criativo, um espaço atractivo, um nicho de sinergias, quase um ecossistema, “ outras vidas, outros sonhos e outros seres dentro de si” ; e - porque não? - uma montra onde a escola se revê… Afinal, um pequeno pedaço do universo.
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BIBLIOGRAFIA

Bairrão, Margarida; Borges, Luís, (2007). Gestão da Informação na Biblioteca Escolar, Guestknowing

Maness, Jack (2006). Teoria da Biblioteca 2.0: web2.0 e suas implicações para as bibliotecas, disponível em http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/831/623, (acedido em 14.06.2007)

http://www.rbe.min-edu.pt/ Manifesto das Bibliotecas Escolares – Dia Internacional das Bibliotecas Escolares
(este ano sob o lema: APRENDER MAIS E MELHOR NA BIBLIOTECA ESCOLAR)



Aveiro, 10-17 de Outubro de 2007

Os formandos:
José Manuel dos Reis Caseiro
Maria Alice Pinho e Silva
Maria Dulcínea Aires

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