Uma boa sugestão é, por exemplo, visitar a exposição de trabalhos dos alunos patente na nossa escola; ou ler algum texto de introdução à Filosofia e debater ideias reafirmando o valor desta disciplina.
Sugestão: o texto de Domingos Faria no Público (P3), de 14/11/2011 emhttp://p3.publico.pt/actualidade/educacao/1404/como-celebrar-o-dia-da-filosofia
A filosofia é uma actividade crítica. Ao caracterizar-se a filosofia como crítica não se está a dizer que ela é uma actividade de “bota-abaixo”. Pelo contrário, significa que se procura em filosofia examinar se as ideias que os sujeitos cognitivos veiculam são plausíveis ou não. Com a crítica a filosofia destrói dogmas cristalizados, mostra ignorância onde se supunha um saber indisputável, nada aceita sem uma cuidadosa análise, e obriga constantemente a repensar ideias para as sustentarmos com melhores razões ou argumentos.
Esta actividade encetou-se fundamentalmente com Sócrates, na Grécia Antiga, ao estimular cada cidadão a examinar cuidadosamente as suas crenças em diálogo crítico com os outros, de modo a haver uma maior aproximação da verdade. É também isto que a filosofia nos convida a fazer hoje: a examinar e a discutir criticamente as nossas crenças.
A filosofia critica nomeadamente as crenças mais básicas que o ser humano possui e que dirigem a sua vida. Porém, pode-se levantar aqui uma objecção: a ciência também investiga criticamente crenças básicas, então qual é a relevância da filosofia? É preciso atender a uma diferença peculiar: a ciência trata daqueles problemas que podem ser analisados empiricamente, enquanto que a filosofia trata daqueles outros problemas que não podem ser analisados empiricamente e para os quais não existem métodos formais de prova.
Por exemplo, se nos limitarmos a usar metodologias empíricas nunca conseguiremos responder a problemas como os seguintes: Deve a eutanásia ser legalizada? A sociedade deve estar organizada segundo uma concepção libertarista (como pretende o nosso Governo) ou segundo outras concepções como o liberalismo-igualitário ou o comunitarismo? Será que Deus existe? Estas questões dizem respeito à filosofia, pois só se podem tentar resolver tais problemas recorrendo fundamentalmente ao pensamento, à argumentação cuidadosa e à discussão crítica.
Portanto, a filosofia é essencial pelo seu valor instrumental de facultar ao ser humano um pensamento crítico, mas também pelo seu valor cognitivo intrínseco de procurar encontrar boas respostas para problemas que são fundamentais para os seres humanos e que são insusceptíveis de resolução empírica e formal.
Nada melhor do que percepcionar a filosofia em acção para se compreender melhor a natureza e a relevância desta área do conhecimento humano. Por isso, uma boa sugestão para celebrar o dia internacional da filosofia poderá ser ler algum texto de introdução à filosofia. Que este dia seja, como a UNESCO recomenda, um dia para debater ideias e para reafirmar o verdadeiro valor da filosofia. No entanto, espera-se que a filosofia não fique circunscrita apenas a um dia, mas que seja uma presença constante na vida humana.
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