terça-feira, 8 de julho de 2008

MANOEL DE OLIVEIRA, o mais velho cineasta do Mundo ainda no activo, completa 100 anos em Dezembro

"Aniki-bébé / Aniki-bóbó / Passarinho Tótó / Berimbau, Cavaquinho / Salomão, Sacristão / Tu és Polícia, Tu és Ladrão".

"Aniki-Bóbó", fórmula mágica que, nas brincadeiras de crianças, permite determinar, sem discussão, quem é polícia e quem é ladrão. A caminho da escola, Carlitos, o sonhador, e Eduardo, o chefe do bando, levantam, ambos, os olhos para a pequena Teresinha que lhes faz sinal do alto da sua varanda... Quanto mais o tempo passa, mais "Aniki-Bóbó" se revela surpreendentemente moderno, pondo em questão sucessivos discursos críticos e sucessivas interpretações. Já então rotulado de "subversivo", inspirado no conto de Rodrigues de Freitas "Os meninos milionários", o filme não teve antecedentes no imaginário cinematográfico português e não teve consequentes a não ser os que - muitos, muitos anos depois - o próprio Oliveira lhes daria, como permanente perturbador das visões estabelecidas e permanente voyeur das visões proibidas.




A Casa da Música antecipou-se à data do centenário do nascimento do cineasta e programou um grande concerto; o espectáculo, dirigido pelo violoncelista e compositor Ernst Reijseger, resulta de um trabalho elaborado ao longo de vários meses, com a colaboração de cerca de 150 pessoas.



35 mm - pb - 1937 mt - 70 mn. Realização: - Manoel de Oliveira. Produção: - António Lopes Ribeiro. Obra Original: - "Meninos Milionários". Autor Original: - João Rodrigues de Freitas. Fotografia: - António Mendes.
Elenco: - Nascimento Fernandes, Fernanda Matos, Horácio Silva, António Santos, António Morais.
Primeira longa metragem ficcional de Manoel de Oliveira, com que prosseguiu a produção contínua de António Lopes Ribeiro. Fábula para adultos, interpretada por jovens. Além dos exteriores processados no Porto – bairros da Sé, Ribeira, Massarelos e Foz, ou no Monte do Seminário –, a rodagem dos interiores decorreu em Lisboa, nos estúdios da Tobis Portuguesa.Um dos precursores do neo-realismo, exemplo clássico pela dimensão poética, a consistência visual e a coerência estética, sobressai em Aniki-Bobó o testemunho amável - extracção da sociedade, sob uma matriz infantil, desvendando o Porto, pelo intenso pitoresco da zona ribeirinha. Houve dois títulos prévios: Corações Pequeninos em sinopse, Gente Miúda como projecto. Admirado já pela competência e sensibilidade, Oliveira fez ensaios prévios em 9,5 mm, e participou com 150 contos, um quinto do orçamento global. Em 1931, Lopes Ribeiro havia já proporcionado a Oliveira a sonorização de "Douro, Faina Fluvial".



http://www.instituto-camoes.pt/cvc/cinema/longas/lon011.html

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