Portugal vivia sob uma ditadura que cerceava as liberdades e os direitos dos cidadão; surgem vozes na Igreja que vão questionar o tipo de regime ditatorial que não permitiam a liberdade de expressão, as liberdades de associação , que reprimia as oposições politicas, e controlava a Igreja Católica.Um dos principais polémicas com o regime de Salazar foi provocada pelo Bispo do Porto.Em 13 Julho de 1958 , o Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes escreveu uma carta a Salazar, onde questionou o governante sobre a questão da liberdade de consciência , sobre a independencia da Igreja do Estado , sobre a liberdade sindical.Faz hoje 50 anos que o Bispo do Porto teve um acto de grande coragem e de consciência cívica. E deu um grande contributo para a tomada de consciencia de muitos católicos para o tipo de regime que existia em Portugal.
No jornal público de 6ª feira , 11 Julho, vinha um artigo sobre a apresentação de um livro com textos inéditos do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes:" O caso do antigo bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, que condenou aspectos da política de Salazar, revelou sobretudo "um notável desfasamento" entre o modo de ver de D. António e o dos restantes colegas de episcopado. A tese é do próprio bispo, que morreu em 1989, e está publicada em livro ontem apresentado no Porto, que reúne textos e documentos inéditos de Ferreira Gomes. Em Provas - A Outra Face da Situação e dos Factos do Caso do Bispo do Porto, que tinha sido organizado pelo próprio Ferreira Gomes mas que não chegou a publicar-se antes da sua morte, o bispo defende as suas posições e contesta as acusações do Estado Novo e do próprio Salazar.
A 13 de Julho de 1958, o bispo escreveu um pró-memória ao presidente do Conselho de Ministros, que deveria servir de base para um encontro entre ambos. No final, a audiência não se realizou e a "carta do bispo do Porto a Salazar", como o documento ficaria conhecido, acabou profusamente divulgada. Por causa disso, o bispo viveu exilado dez anos. O texto foi escrito após as eleições presidenciais em que participou Humberto Delgado, que acabaria derrotado, com a oposição ao regime a falar de fraude eleitoral. D. António defendia a autonomia da Igreja Católica em relação ao Estado, o sindicalismo livre e a liberdade de consciência. E criticava "o já hoje exclusivo privilégio português do mendigo, do pé-descalço, do maltrapilho". O ditador acusava o bispo de ter sido este a divulgar a carta, para denegrir o regime e abrir brechas na "frente nacional", perturbando "muitas consciências, até agora tranquilas", como referiu num discurso. Embora não dissesse que era por causa da carta, o presidente do Conselho ameaçava mesmo denunciar a Concordata entre Portugal e a Santa Sé e dissolver a Acção Católica - que congregava milhares de pessoas. "
In
http://www.leiturapartilhada. blogspot.com
domingo, 13 de julho de 2008
terça-feira, 8 de julho de 2008
MANOEL DE OLIVEIRA, o mais velho cineasta do Mundo ainda no activo, completa 100 anos em Dezembro
"Aniki-bébé / Aniki-bóbó / Passarinho Tótó / Berimbau, Cavaquinho / Salomão, Sacristão / Tu és Polícia, Tu és Ladrão".
"Aniki-Bóbó", fórmula mágica que, nas brincadeiras de crianças, permite determinar, sem discussão, quem é polícia e quem é ladrão. A caminho da escola, Carlitos, o sonhador, e Eduardo, o chefe do bando, levantam, ambos, os olhos para a pequena Teresinha que lhes faz sinal do alto da sua varanda... Quanto mais o tempo passa, mais "Aniki-Bóbó" se revela surpreendentemente moderno, pondo em questão sucessivos discursos críticos e sucessivas interpretações. Já então rotulado de "subversivo", inspirado no conto de Rodrigues de Freitas "Os meninos milionários", o filme não teve antecedentes no imaginário cinematográfico português e não teve consequentes a não ser os que - muitos, muitos anos depois - o próprio Oliveira lhes daria, como permanente perturbador das visões estabelecidas e permanente voyeur das visões proibidas.
A Casa da Música antecipou-se à data do centenário do nascimento do cineasta e programou um grande concerto; o espectáculo, dirigido pelo violoncelista e compositor Ernst Reijseger, resulta de um trabalho elaborado ao longo de vários meses, com a colaboração de cerca de 150 pessoas.
35 mm - pb - 1937 mt - 70 mn. Realização: - Manoel de Oliveira. Produção: - António Lopes Ribeiro. Obra Original: - "Meninos Milionários". Autor Original: - João Rodrigues de Freitas. Fotografia: - António Mendes.
Elenco: - Nascimento Fernandes, Fernanda Matos, Horácio Silva, António Santos, António Morais.
Primeira longa metragem ficcional de Manoel de Oliveira, com que prosseguiu a produção contínua de António Lopes Ribeiro. Fábula para adultos, interpretada por jovens. Além dos exteriores processados no Porto – bairros da Sé, Ribeira, Massarelos e Foz, ou no Monte do Seminário –, a rodagem dos interiores decorreu em Lisboa, nos estúdios da Tobis Portuguesa.Um dos precursores do neo-realismo, exemplo clássico pela dimensão poética, a consistência visual e a coerência estética, sobressai em Aniki-Bobó o testemunho amável - extracção da sociedade, sob uma matriz infantil, desvendando o Porto, pelo intenso pitoresco da zona ribeirinha. Houve dois títulos prévios: Corações Pequeninos em sinopse, Gente Miúda como projecto. Admirado já pela competência e sensibilidade, Oliveira fez ensaios prévios em 9,5 mm, e participou com 150 contos, um quinto do orçamento global. Em 1931, Lopes Ribeiro havia já proporcionado a Oliveira a sonorização de "Douro, Faina Fluvial".
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/cinema/longas/lon011.html
"Aniki-Bóbó", fórmula mágica que, nas brincadeiras de crianças, permite determinar, sem discussão, quem é polícia e quem é ladrão. A caminho da escola, Carlitos, o sonhador, e Eduardo, o chefe do bando, levantam, ambos, os olhos para a pequena Teresinha que lhes faz sinal do alto da sua varanda... Quanto mais o tempo passa, mais "Aniki-Bóbó" se revela surpreendentemente moderno, pondo em questão sucessivos discursos críticos e sucessivas interpretações. Já então rotulado de "subversivo", inspirado no conto de Rodrigues de Freitas "Os meninos milionários", o filme não teve antecedentes no imaginário cinematográfico português e não teve consequentes a não ser os que - muitos, muitos anos depois - o próprio Oliveira lhes daria, como permanente perturbador das visões estabelecidas e permanente voyeur das visões proibidas.
A Casa da Música antecipou-se à data do centenário do nascimento do cineasta e programou um grande concerto; o espectáculo, dirigido pelo violoncelista e compositor Ernst Reijseger, resulta de um trabalho elaborado ao longo de vários meses, com a colaboração de cerca de 150 pessoas.
35 mm - pb - 1937 mt - 70 mn. Realização: - Manoel de Oliveira. Produção: - António Lopes Ribeiro. Obra Original: - "Meninos Milionários". Autor Original: - João Rodrigues de Freitas. Fotografia: - António Mendes.
Elenco: - Nascimento Fernandes, Fernanda Matos, Horácio Silva, António Santos, António Morais.
Primeira longa metragem ficcional de Manoel de Oliveira, com que prosseguiu a produção contínua de António Lopes Ribeiro. Fábula para adultos, interpretada por jovens. Além dos exteriores processados no Porto – bairros da Sé, Ribeira, Massarelos e Foz, ou no Monte do Seminário –, a rodagem dos interiores decorreu em Lisboa, nos estúdios da Tobis Portuguesa.Um dos precursores do neo-realismo, exemplo clássico pela dimensão poética, a consistência visual e a coerência estética, sobressai em Aniki-Bobó o testemunho amável - extracção da sociedade, sob uma matriz infantil, desvendando o Porto, pelo intenso pitoresco da zona ribeirinha. Houve dois títulos prévios: Corações Pequeninos em sinopse, Gente Miúda como projecto. Admirado já pela competência e sensibilidade, Oliveira fez ensaios prévios em 9,5 mm, e participou com 150 contos, um quinto do orçamento global. Em 1931, Lopes Ribeiro havia já proporcionado a Oliveira a sonorização de "Douro, Faina Fluvial".
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/cinema/longas/lon011.html
Subscrever:
Mensagens (Atom)