Leonel de Castro |
Livraria Lello é um dos maiores ex-líbris culturais do Porto |
Divina. Chamou-lhe o jornal britânico "The Guardian" e a honraria agora atribuída à Livraria Lello, no Porto, na Rua das Carmelitas, mesmo diante da torre dos Clérigos, de Nasoni, traduz a nobreza de um edifício de linhas neogóticas forrado a livros e com muitas raridades bibliófilas à mistura. "O título suscita orgulho e responsabilidades", conta Antero Braga, o proprietário.
Por estes dias, a clarabóia ainda deixa entrar a luz única do Porto e ilumina a bonita escadaria central, mais as enormes estantes apinhadas de títulos. "Temos cerca de 90 mil obras expostas de autores nacionais e internacionais. Entre nós são publicados, mensalmente, 1300 títulos", traduz Antero Braga.
Satisfeito pelo facto de o "The Guardian" ter colocado a Livraria Lello em terceiro lugar, precedida da "Boekhandel", em Mastricht, na Holanda (1.º lugar) e da "El Ateneo", em Buenos Aires (Argentina), onde funcionou um teatro. "Já corri meio mundo, mas não conheço livraria construída de raiz e tão bonita como esta. É uma preciosidade", elogiou. (Nota minha: todos conhecem a história, verdadeira, do turista americano que queria à viva força comprar a escadaria central da livraria...)
Fundada há mais de um século (1906) e edificada sob o risco de Xavier Esteves, a Livraria Lello é um edifício de grande beleza arquitectónica e faz parte do património portuense. Visitado por milhares de visitantes, não há turista digno desse nome que não vá admirar este espaço de cultura. "Temos muitos títulos traduzidos em várias línguas, obras de José Saramago, Agustina, Eça de Queirós, Camilo. Não vendemos só livros. Por vezes, também somos conselheiros das pessoas. Privilegiamos muito o contacto com os clientes", referiu.
(Este texto, com cortes, foi retirado da edição 19/01/08 do Jornal de Notícias, com autoria de Manuel Vitorino)
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