domingo, 24 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
HOJE É DIA INTERNACIONAL DA AMIZADE
Em plena expansão de redes sociais, a palavra amigo desdobra-se em sentidos diferentes. Recordemos o motivo desta efeméride, que liga a amizade para todo o sempre ao epaço sideral e à... Lua!
A origem do Dia Internacional da Amizade é controversa. Isto é, ninguém sabe ao certo como foi que surgiu a idéia de se criar um dia especialmente dedicado aos amigos. Entretanto, acredita-se que a idéia tenha partido de um dentista argentino, chamado Enrique Febbaro. Segundo histórias contadas na Internet, esse dentista, entusiasmado com a corrida espacial da década de 60, decidiu prestar uma homenagem a toda a Humanidade por seus esforços em estabelecer vínculos para além do planeta Terra.
Durante um ano, Febbaro teria divulgado o seguinte lema: "Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro". Algum tempo depois, com a chegada do homem à Lua em 20 de julho de 1969, ele escolheu esta data para fazer uma festa dedicada à amizade. A comemoração tornou-se oficial em Buenos Aires, capital da Argentina em 1979 e, devagarinho, acabou sendo adoptada em outras partes do mundo.
--
Publicada por Maria José Vitorino em ALFINete http://alfinete2008.blogspot.com/2011/07/20-julho-dia-internacional-da-amizade.html
A origem do Dia Internacional da Amizade é controversa. Isto é, ninguém sabe ao certo como foi que surgiu a idéia de se criar um dia especialmente dedicado aos amigos. Entretanto, acredita-se que a idéia tenha partido de um dentista argentino, chamado Enrique Febbaro. Segundo histórias contadas na Internet, esse dentista, entusiasmado com a corrida espacial da década de 60, decidiu prestar uma homenagem a toda a Humanidade por seus esforços em estabelecer vínculos para além do planeta Terra.
Durante um ano, Febbaro teria divulgado o seguinte lema: "Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro". Algum tempo depois, com a chegada do homem à Lua em 20 de julho de 1969, ele escolheu esta data para fazer uma festa dedicada à amizade. A comemoração tornou-se oficial em Buenos Aires, capital da Argentina em 1979 e, devagarinho, acabou sendo adoptada em outras partes do mundo.
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Publicada por Maria José Vitorino em ALFINete http://alfinete2008.blogspot.com/2011/07/20-julho-dia-internacional-da-amizade.html
terça-feira, 12 de julho de 2011
Pessoa interessou-se pelo cinema?
Fernando Pessoa escreveu argumentos para filmes e sonhou criar uma produtora. Patricio Ferrari e Claudia J. Fischer coligiram todo esse material num livro lançado hoje em Lisboa.
Os autores pesquisaram todo o espólio de Fernando Pessoa, incluindo a sua biblioteca, e recolheram tudo o que dissesse respeito ao cinema. O resultado é "Fernando Pessoa - Argumentos para Filmes", segundo número da nova série das Obras de Fernando Pessoa que a Ática (chancela que hoje integra o grupo Babel) está a publicar, sob a coordenação de Jerónimo Pizzaro.
Embora o título destaque os argumentos que Pessoa escreveu para cinema - alguns deles já divulgados por Patrick Quillier em "Courts-Métrages" (2007) -, a ambição do livro, que será lançado às 20h00 na FNAC do Chiado, é bastante mais vasta. Ferrari e Fischer coligiram as (poucas) reflexões que Pessoa deixou sobre o cinema em apontamentos soltos, reuniram todos os papéis em que o poeta rascunhou os vários projectos que chegou a acalentar relacionados com o cinema, incluindo a criação de uma produtora, e compilaram as cartas trocadas com José Régio e com a revista Presença a propósito de um inquérito sobre cinema ao qual Pessoa acabaria por não responder.
No que respeita ao núcleo principal do livro, que reúne os argumentos escritos por Pessoa, esta obra acrescenta também enriquecimentos significativos ao que Patrick Quillier já divulgara. "Courts-Métrages" inclui cinco argumentos: dois escritos em inglês, um em inglês e português, e dois em francês, sendo que Pessoa não assume expressamente estes dois últimos como argumentos para cinema. E dos primeiros, Quillier oferece apenas a tradução francesa.
Ferrari e Fischer descobriram mais dois argumentos redigidos em inglês, e incluem a versão original e a tradução portuguesa de todos os textos, dando ainda as cotas dos documentos, bem como as suas características, o que confere a este volume características de edição crítica que "Courts-Métrages" não pretendeu ter. O livro abre com uma introdução dos autores e encerra com um excelente posfácio de Fernando Guerreiro, que coloca o caso específico de Pessoa no contexto da relação que mantiveram com o cinema as gerações de Orpheu e da Presença e, em particular, algumas das principais figuras de ambos os movimentos.
Bandidos & nobreza
Os dois novos argumentos agora descobertos são apresentados pelo próprio Pessoa, respectivamnte, como "Note for a silly thriller or a film" e "Note for a thriller, or film". Ambos narram peripécias em navios - um tópico muito da predilecção de Álvaro de Campos (pense-se em "Opiário" ou "Ode Marítima") -, centradas em objectos preciosos cobiçados por bandidos, mas que afinal nunca estiveram a bordo.
Dos restantes argumentos redigidos em inglês (um deles parcialmente em português), e que Quillier já traduzira, dois tratam de trocas de identidades e envolvem marqueses e duques. O mais completo dos dois é "The Multiple Nobleman", ao qual Pessoa deu título, e para o qual chegou a redigir vários diálogos.
Ainda em inglês, o autor escreveu "The Three Floors", uma ideia para um filme concentrada em dois parágrafos. Pessoa imagina um edifício de três andares, cujos ocupantes têm um estatuto social tanto mais alto quanto mais elevado é o piso que habitam. Mas em todos os andares se repete, com pequenas variações, a mesma cena.
Nos textos redigidos em francês, possivelmente datados dos fins de 1917, em plena época do cinema mudo, o poeta alterna, em duas colunas, descrições de cenas e interpretações delas. Por exemplo: numa coluna escreve "o actor fuma", fazendo-lhe corresponder, na coluna paralela: "Triunfo sobre os seus inimigos, elevação, comando, satisfação". Quillier inventou para estes fragmentos o neologismo "cinématonirique" e aproxima-os das posteriores experiências cinematográficas dos surrealistas.
A par destas incursões literárias, Pessoa ponderou criar uma empresa - a Cosmopolis - que substituiria a Sociedade de Propaganda Portugal e que auxiliaria a indústria do turismo, servindo, ao mesmo tempo, de "centro de propaganda superior do paiz". O cinema seria uma das linhas de actuação da Cosmopolis, que para tanto deveria incorporar uma produtora que efectivamente existia então em Lisboa. Este projecto parece depois ter sido integrado por Pessoa numa nova ideia, a criação do Grémio de Cultura Portuguesa, ao qual atribui uma secção cinematográfica. Finalmente, ainda no âmbito destas possíveis utilizações comerciais e propagandísticas do cinema, concebe uma produtora, a Ecce Film, para a qual chega a esboçar vários logótipos, que Ferrari e Fisher reproduzem. Não menos interessantes são algumas notas soltas, como aquela em que escreve (em inglês): "Na medida em que as coisas são não podem deixar de ser. As coisas passam na medida em que não são. (Símbolo cinematográfico)." Ou ainda a sua afirmação de que o único cinema onde existe arte é o russo e o alemão, o que parece consistente com os trechos em que critica o cinema comercial de Hollywood e as suas estrelas.
Finalmente, a breve correspondência com a Presença que este volume transcreve abre com uma carta a Régio, na qual Pessoa se dispõe a responder a um inquérito sobre cinema. Mas logo na carta seguinte emenda a mão: "Ao inquérito sobre o cinema não responderei. Não sei o que penso do cinema".
Nova poesia das imagens
A primeira conclusão a retirar do abundante material, maioritariamente inédito, que este livro reúne, defendem os autores, é a de que "a ideia de que Pessoa não se interessou pela cinema estava completamente errada". E recordam que esta tese era ainda defendida em 2008, na entrada sobre cinema do Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, coordenado por Fernando Cabral Martins e editado pela Caminho. Joana Matos Frias, autora da dita entrada, afirma expressamente que "Pessoa nunca se interessou pelo cinema", o que, segundo Ferrari, sugere que não teria tido conhecimento atempado da edição de Quillier, publicada no ano anterior.
Mas Ferrari e Fisher também admitem que o que encontraram não basta para se "construir uma teoria" da relação de Pessoa com o cinema, e lembram que este "não escreveu ensaios sobre o assunto, como António Ferro ou Casais Monteiro". Acham que o seu livro demonstra que Pessoa se interessava pelo cinema, mas não que "se interessava imenso por cinema".
De facto, é difícil defender, mesmo perante estas novas evidências, que a atenção de Pessoa pelo cinema suplantasse a que seria de esperar de qualquer cidadão europeu culto da época. Se o cinema apaixonou boa parte dos presencistas, o único que, na geração de Orpheu, se interessou seriamente pelo cinema parece ter sido António Ferro.
O que não quer dizer que, de um modo difícil de detectar em evidências textuais, o cinema, como algo que impregnava a cultura da época, não tenha tido importância na obra poética de Pessoa ou Sá-Carneiro. Mas, para darmos a devida dimensão a estas escassas e dispersas reflexões de Pessoa, basta pensarmos, por exemplo, em Guillaume Appolinaire, oito anos mais velho do que o poeta português, que, pela mesma altura, via no cinema a síntese de todas as artes e decretava que o livro ia desaparecer e ser substituído pelo filme. Uma mudança que Appolinaire saudava, acreditando que essa nova poesia das imagens, dispensando a palavra, daria aos poetas "uma liberdade até hoje desconhecida".
In http://www.publico.pt/Cultura/dois-mil-exemplares-de-argumentos-para-filmes-de-fernando-pessoa-lancados-esta-semana_1502365?all=1
Os autores pesquisaram todo o espólio de Fernando Pessoa, incluindo a sua biblioteca, e recolheram tudo o que dissesse respeito ao cinema. O resultado é "Fernando Pessoa - Argumentos para Filmes", segundo número da nova série das Obras de Fernando Pessoa que a Ática (chancela que hoje integra o grupo Babel) está a publicar, sob a coordenação de Jerónimo Pizzaro.
Embora o título destaque os argumentos que Pessoa escreveu para cinema - alguns deles já divulgados por Patrick Quillier em "Courts-Métrages" (2007) -, a ambição do livro, que será lançado às 20h00 na FNAC do Chiado, é bastante mais vasta. Ferrari e Fischer coligiram as (poucas) reflexões que Pessoa deixou sobre o cinema em apontamentos soltos, reuniram todos os papéis em que o poeta rascunhou os vários projectos que chegou a acalentar relacionados com o cinema, incluindo a criação de uma produtora, e compilaram as cartas trocadas com José Régio e com a revista Presença a propósito de um inquérito sobre cinema ao qual Pessoa acabaria por não responder.
No que respeita ao núcleo principal do livro, que reúne os argumentos escritos por Pessoa, esta obra acrescenta também enriquecimentos significativos ao que Patrick Quillier já divulgara. "Courts-Métrages" inclui cinco argumentos: dois escritos em inglês, um em inglês e português, e dois em francês, sendo que Pessoa não assume expressamente estes dois últimos como argumentos para cinema. E dos primeiros, Quillier oferece apenas a tradução francesa.
Ferrari e Fischer descobriram mais dois argumentos redigidos em inglês, e incluem a versão original e a tradução portuguesa de todos os textos, dando ainda as cotas dos documentos, bem como as suas características, o que confere a este volume características de edição crítica que "Courts-Métrages" não pretendeu ter. O livro abre com uma introdução dos autores e encerra com um excelente posfácio de Fernando Guerreiro, que coloca o caso específico de Pessoa no contexto da relação que mantiveram com o cinema as gerações de Orpheu e da Presença e, em particular, algumas das principais figuras de ambos os movimentos.
Bandidos & nobreza
Os dois novos argumentos agora descobertos são apresentados pelo próprio Pessoa, respectivamnte, como "Note for a silly thriller or a film" e "Note for a thriller, or film". Ambos narram peripécias em navios - um tópico muito da predilecção de Álvaro de Campos (pense-se em "Opiário" ou "Ode Marítima") -, centradas em objectos preciosos cobiçados por bandidos, mas que afinal nunca estiveram a bordo.
Dos restantes argumentos redigidos em inglês (um deles parcialmente em português), e que Quillier já traduzira, dois tratam de trocas de identidades e envolvem marqueses e duques. O mais completo dos dois é "The Multiple Nobleman", ao qual Pessoa deu título, e para o qual chegou a redigir vários diálogos.
Ainda em inglês, o autor escreveu "The Three Floors", uma ideia para um filme concentrada em dois parágrafos. Pessoa imagina um edifício de três andares, cujos ocupantes têm um estatuto social tanto mais alto quanto mais elevado é o piso que habitam. Mas em todos os andares se repete, com pequenas variações, a mesma cena.
Nos textos redigidos em francês, possivelmente datados dos fins de 1917, em plena época do cinema mudo, o poeta alterna, em duas colunas, descrições de cenas e interpretações delas. Por exemplo: numa coluna escreve "o actor fuma", fazendo-lhe corresponder, na coluna paralela: "Triunfo sobre os seus inimigos, elevação, comando, satisfação". Quillier inventou para estes fragmentos o neologismo "cinématonirique" e aproxima-os das posteriores experiências cinematográficas dos surrealistas.
A par destas incursões literárias, Pessoa ponderou criar uma empresa - a Cosmopolis - que substituiria a Sociedade de Propaganda Portugal e que auxiliaria a indústria do turismo, servindo, ao mesmo tempo, de "centro de propaganda superior do paiz". O cinema seria uma das linhas de actuação da Cosmopolis, que para tanto deveria incorporar uma produtora que efectivamente existia então em Lisboa. Este projecto parece depois ter sido integrado por Pessoa numa nova ideia, a criação do Grémio de Cultura Portuguesa, ao qual atribui uma secção cinematográfica. Finalmente, ainda no âmbito destas possíveis utilizações comerciais e propagandísticas do cinema, concebe uma produtora, a Ecce Film, para a qual chega a esboçar vários logótipos, que Ferrari e Fisher reproduzem. Não menos interessantes são algumas notas soltas, como aquela em que escreve (em inglês): "Na medida em que as coisas são não podem deixar de ser. As coisas passam na medida em que não são. (Símbolo cinematográfico)." Ou ainda a sua afirmação de que o único cinema onde existe arte é o russo e o alemão, o que parece consistente com os trechos em que critica o cinema comercial de Hollywood e as suas estrelas.
Finalmente, a breve correspondência com a Presença que este volume transcreve abre com uma carta a Régio, na qual Pessoa se dispõe a responder a um inquérito sobre cinema. Mas logo na carta seguinte emenda a mão: "Ao inquérito sobre o cinema não responderei. Não sei o que penso do cinema".
Nova poesia das imagens
A primeira conclusão a retirar do abundante material, maioritariamente inédito, que este livro reúne, defendem os autores, é a de que "a ideia de que Pessoa não se interessou pela cinema estava completamente errada". E recordam que esta tese era ainda defendida em 2008, na entrada sobre cinema do Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, coordenado por Fernando Cabral Martins e editado pela Caminho. Joana Matos Frias, autora da dita entrada, afirma expressamente que "Pessoa nunca se interessou pelo cinema", o que, segundo Ferrari, sugere que não teria tido conhecimento atempado da edição de Quillier, publicada no ano anterior.
Mas Ferrari e Fisher também admitem que o que encontraram não basta para se "construir uma teoria" da relação de Pessoa com o cinema, e lembram que este "não escreveu ensaios sobre o assunto, como António Ferro ou Casais Monteiro". Acham que o seu livro demonstra que Pessoa se interessava pelo cinema, mas não que "se interessava imenso por cinema".
De facto, é difícil defender, mesmo perante estas novas evidências, que a atenção de Pessoa pelo cinema suplantasse a que seria de esperar de qualquer cidadão europeu culto da época. Se o cinema apaixonou boa parte dos presencistas, o único que, na geração de Orpheu, se interessou seriamente pelo cinema parece ter sido António Ferro.
O que não quer dizer que, de um modo difícil de detectar em evidências textuais, o cinema, como algo que impregnava a cultura da época, não tenha tido importância na obra poética de Pessoa ou Sá-Carneiro. Mas, para darmos a devida dimensão a estas escassas e dispersas reflexões de Pessoa, basta pensarmos, por exemplo, em Guillaume Appolinaire, oito anos mais velho do que o poeta português, que, pela mesma altura, via no cinema a síntese de todas as artes e decretava que o livro ia desaparecer e ser substituído pelo filme. Uma mudança que Appolinaire saudava, acreditando que essa nova poesia das imagens, dispensando a palavra, daria aos poetas "uma liberdade até hoje desconhecida".
In http://www.publico.pt/Cultura/dois-mil-exemplares-de-argumentos-para-filmes-de-fernando-pessoa-lancados-esta-semana_1502365?all=1
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sábado, 9 de julho de 2011
FLIP- Festa Literária Internacional de Paraty
No blogue da editora Cosac Naify podem acompanhar o que tem andado valter hugo mãe a fazer em Paraty
http://editora.cosacnaify.com.br/blog/
Aqui fica o texto que valter hugo mãe pediu para ler no final da sua mesa e que levou às lágrimas o público que estava na Tenda dos Autores.
“Quando eu tinha uns 8 anos, veio morar para a casa ao lado da dos meus pais um casal de brasileiros com duas filhas moças. Ao chegar, o casal ofereceu uma ambulância ao quartel de bombeiros da nossa vila e toda a vila se emocionou. Foram os primeiros brasileiros que eu vi fora da tv, fora das novelas. Eu e os meus amigos fomos ao quartel dos bombeiros apreciar a ambulância nova, bem pintada, que se mostrava a todos como prova bonita da bondade de alguém. O meu pai tinha um carro pequeno, velho, difícil de levar a família inteira dentro. A ambulância era enorme, um luxo, como se fosse para transportar doentes felizes. Eu e os meus amigos ficamos estupefactamente felizes.
Depois, algumas mulheres e alguns homens mais delicados reuniam-se diante da senhora e das moças brasileiras e faziam perguntas sobre as novelas. Naquele tempo, passavam com muito atraso em relação ao Brasil, e todos queriam avidamente saber quem casava com quem na ‘Gabriela’.
A senhora e as suas duas filhas, porque sabiam o que ia acontecer nas novelas, eram aos olhos de todos como adivinhas, gente que via coisas do futuro, gente que viveu o futuro e que se juntou a nós para reviver o passado. Por causa disto, eram mágicas e as pessoas queriam a opinião delas para cada decisão.
A minha mãe pediu à nova vizinha a receita para fazer pizza, porque ainda não havia pizzarias e só víamos nas revistas como deviam ser bonitos e saborosos aqueles círculos de pão e queijo coloridos pousados nas mesas. Passámos a comer uma pizza de atum com muitas azeitonas pretas. Ainda hoje peço nos restaurantes pizza de atum com a esperança de que seja exactamente igual à da minha infância, mas nunca é.
As moças brasileiras eram mais velhas do que eu e ficaram amigas das minhas irmãs. As minhas irmãs saíam com elas à rua inchadas de orgulho, porque as pessoas todas, sempre comovidas com a ambulância, faziam vénia e sorriam. Havia gente que dizia que as moças brasileiras eram as mais belas de todas. Elas eram, na verdade, sorridentes, e eu senti que também seriam muito felizes na nossa pequena vila.
Um dia a minha irmã mais velha fez anos e foi festejá-los com uma festa na garagem das brasileiras. Na noite desse dia, ali pelas oito horas, uma outra menina, filha de um vizinho português, mostrou-me tudo. Não foi a primeira vez, mas eu queria sempre ver, embora ela não quisesse sempre mostrar. Um amigo meu surpreendeu-nos e quis ver também, mas a menina respondeu que não. Ela disse que mostrava apenas a mim porque eu era amigo das brasileiras. Entendi que as brasileiras eram como um toque de midas que me transformava num menino de ouro.
Aos dezoito anos, aquele que é o meu amigo mais irmão chegou do Brasil e ingressou na minha escola. Eu instintivamente corri atrás dele. Queria ser amigo dele como se fosse vital para mim. Ele mostrou-me Titãs e Legião Urbana. Eu achava que o Renato Russo ia salvar a minha vida com aquela canção do ‘Tempo perdido’. Quando o Renato Russo morreu, chorei muito e passei só a chorar quando ouço o ‘Tempo perdido’. Eu não sei se a arte nos deve salvar, mas tenho a certeza de que pode conduzir ao melhor que há em nós, para que não nos desperdicemos na vida.
O Alexandre, esse meu amigo brasileiro, mudou tudo em mim para melhor. Adorava viajar de comboio com ele quando entalávamos as meias mal cheirosas nas janelas para que arejassem durante a marcha. Nesse tempo, o Alexandre ensinou-me a perder aquela vergonha que só atrapalha. Porque os portugueses sempre foram meio envergonhados.
Hoje, temos quase quarenta anos, ele casou com uma portuguesa e tem filhos. Eu, não. Fiquei para tio a escrever romances e os romances tornaram-se fundamentais na minha vida, como a máquina de fazer espanhóis. Sonhei sempre vir ao Brasil e vim várias vezes, faltava vir como escritor, publicado e recebido, pois aqui estou, a FLIP fez isso, não esquecerei nunca, sinto que fazem de mim um homem de ouro, agradeço a todos muito por isso.”
valter hugo mãe, Paraty 2011
http://editora.cosacnaify.com.br/blog/
Aqui fica o texto que valter hugo mãe pediu para ler no final da sua mesa e que levou às lágrimas o público que estava na Tenda dos Autores.
“Quando eu tinha uns 8 anos, veio morar para a casa ao lado da dos meus pais um casal de brasileiros com duas filhas moças. Ao chegar, o casal ofereceu uma ambulância ao quartel de bombeiros da nossa vila e toda a vila se emocionou. Foram os primeiros brasileiros que eu vi fora da tv, fora das novelas. Eu e os meus amigos fomos ao quartel dos bombeiros apreciar a ambulância nova, bem pintada, que se mostrava a todos como prova bonita da bondade de alguém. O meu pai tinha um carro pequeno, velho, difícil de levar a família inteira dentro. A ambulância era enorme, um luxo, como se fosse para transportar doentes felizes. Eu e os meus amigos ficamos estupefactamente felizes.
Depois, algumas mulheres e alguns homens mais delicados reuniam-se diante da senhora e das moças brasileiras e faziam perguntas sobre as novelas. Naquele tempo, passavam com muito atraso em relação ao Brasil, e todos queriam avidamente saber quem casava com quem na ‘Gabriela’.
A senhora e as suas duas filhas, porque sabiam o que ia acontecer nas novelas, eram aos olhos de todos como adivinhas, gente que via coisas do futuro, gente que viveu o futuro e que se juntou a nós para reviver o passado. Por causa disto, eram mágicas e as pessoas queriam a opinião delas para cada decisão.
A minha mãe pediu à nova vizinha a receita para fazer pizza, porque ainda não havia pizzarias e só víamos nas revistas como deviam ser bonitos e saborosos aqueles círculos de pão e queijo coloridos pousados nas mesas. Passámos a comer uma pizza de atum com muitas azeitonas pretas. Ainda hoje peço nos restaurantes pizza de atum com a esperança de que seja exactamente igual à da minha infância, mas nunca é.
As moças brasileiras eram mais velhas do que eu e ficaram amigas das minhas irmãs. As minhas irmãs saíam com elas à rua inchadas de orgulho, porque as pessoas todas, sempre comovidas com a ambulância, faziam vénia e sorriam. Havia gente que dizia que as moças brasileiras eram as mais belas de todas. Elas eram, na verdade, sorridentes, e eu senti que também seriam muito felizes na nossa pequena vila.
Um dia a minha irmã mais velha fez anos e foi festejá-los com uma festa na garagem das brasileiras. Na noite desse dia, ali pelas oito horas, uma outra menina, filha de um vizinho português, mostrou-me tudo. Não foi a primeira vez, mas eu queria sempre ver, embora ela não quisesse sempre mostrar. Um amigo meu surpreendeu-nos e quis ver também, mas a menina respondeu que não. Ela disse que mostrava apenas a mim porque eu era amigo das brasileiras. Entendi que as brasileiras eram como um toque de midas que me transformava num menino de ouro.
Aos dezoito anos, aquele que é o meu amigo mais irmão chegou do Brasil e ingressou na minha escola. Eu instintivamente corri atrás dele. Queria ser amigo dele como se fosse vital para mim. Ele mostrou-me Titãs e Legião Urbana. Eu achava que o Renato Russo ia salvar a minha vida com aquela canção do ‘Tempo perdido’. Quando o Renato Russo morreu, chorei muito e passei só a chorar quando ouço o ‘Tempo perdido’. Eu não sei se a arte nos deve salvar, mas tenho a certeza de que pode conduzir ao melhor que há em nós, para que não nos desperdicemos na vida.
O Alexandre, esse meu amigo brasileiro, mudou tudo em mim para melhor. Adorava viajar de comboio com ele quando entalávamos as meias mal cheirosas nas janelas para que arejassem durante a marcha. Nesse tempo, o Alexandre ensinou-me a perder aquela vergonha que só atrapalha. Porque os portugueses sempre foram meio envergonhados.
Hoje, temos quase quarenta anos, ele casou com uma portuguesa e tem filhos. Eu, não. Fiquei para tio a escrever romances e os romances tornaram-se fundamentais na minha vida, como a máquina de fazer espanhóis. Sonhei sempre vir ao Brasil e vim várias vezes, faltava vir como escritor, publicado e recebido, pois aqui estou, a FLIP fez isso, não esquecerei nunca, sinto que fazem de mim um homem de ouro, agradeço a todos muito por isso.”
valter hugo mãe, Paraty 2011
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
Calendário escolar 2011/2012
As aulas começam entre 8 e 15 de Setembro.
Pré-escolar: o termo das actividades acontece a 6 de Julho de 2012. As interrupções das atividades educativas nestes estabelecimentos para a Páscoa e o Natal correspondem a cinco dias úteis seguidos ou não, entre 19 e 30 de Dezembro e 28 de Março e 9 de Abril, respectivamente. No Carnaval a pausa é 20 e 22 de Fevereiro.
Ensino Básico e Secundário: o 1.º período termina a 16 de Dezembro. As aulas recomeçam no dia 03 de Janeiro e voltam a terminar a 23 de Março para as férias da Páscoa.
A 10 de Abril pcomeça o último período.
A 8 de Junho terminam as aulas para o 6.º, 9.º, 11.º e 12.º anos.
A 15 de Junho, entram de férias os alunos dos restantes anos de escolaridade.
Pré-escolar: o termo das actividades acontece a 6 de Julho de 2012. As interrupções das atividades educativas nestes estabelecimentos para a Páscoa e o Natal correspondem a cinco dias úteis seguidos ou não, entre 19 e 30 de Dezembro e 28 de Março e 9 de Abril, respectivamente. No Carnaval a pausa é 20 e 22 de Fevereiro.
Ensino Básico e Secundário: o 1.º período termina a 16 de Dezembro. As aulas recomeçam no dia 03 de Janeiro e voltam a terminar a 23 de Março para as férias da Páscoa.
A 10 de Abril pcomeça o último período.
A 8 de Junho terminam as aulas para o 6.º, 9.º, 11.º e 12.º anos.
A 15 de Junho, entram de férias os alunos dos restantes anos de escolaridade.
domingo, 3 de julho de 2011
sábado, 2 de julho de 2011
sexta-feira, 1 de julho de 2011
ROSA ALICE BRANCO
Hoje, às 22h30, Rosa Alice Branco (n. Aveiro, 1950)lança o seu novo livro no Espaço Maus Hábitos, no Porto, intitulado "Gado do Senhor" (& Etc). A VISÃO conversou com a poetisa sobre a obra onde "o homem é a doença mortal do animal e Deus é a doença mortal do Homem" e dá conta da paixão das revistas literárias norte-americanas pela escritora.
LEIA A ENTREVISTA PUBLICADA NA VISÃO DESTA SEMANA E OUÇA AQUI EM BAIXO 4 POEMAS LIDOS PELA AUTORA
http://aeiou.visao.pt/gado-do-senhor-o-livro-da-rosa=f610383
Para mais informações sobre a autora, Ver
http://www.revista.agulha.nom.br/jprabranco1.html#biografia
LEIA A ENTREVISTA PUBLICADA NA VISÃO DESTA SEMANA E OUÇA AQUI EM BAIXO 4 POEMAS LIDOS PELA AUTORA
http://aeiou.visao.pt/gado-do-senhor-o-livro-da-rosa=f610383
Para mais informações sobre a autora, Ver
http://www.revista.agulha.nom.br/jprabranco1.html#biografia
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