Eu, co-dinamizador deste blogue, frequento nestes momentos uma acção de formação sobre "Biblioteca Escolar, Literacias e Currículo". Numa sessão de reflexão abordou-se um artigo de Carlos Fiolhais, "O Futuro dos Livros e das Bibliotecas" que pode ser lido em
http://dererummundi.blogspot.com/2010/04/o-futuro-dos-livros-e-das-bibliotecas.html
Com o meu grupo de trabalho, engendrei um texto e quero partilhá-lo convosco. Leiam os dois textos e comentem também...
A Biblioteca de Babel, como foi dito no documento de reflexão, é tecnologicamente possível. Se a compararmos com uma estrutura semelhante à ONU, nas suas idiossincrasias, aperceber-nos-emos que a transposição do modelo transportaria consigo as virtudes, poucas, e os defeitos, muitos da ONU. Assim, o modelo de Babel é possível mas exige tolerância e respeito quer na construção do acervo que no acesso à informação disponibilizada. Como seria gerir as diferentes culturas e religiões, as diferentes formas de governo e suas ideologias e os reflexos que transportam para as políticas editoriais?
Dir-se-ia que um tal repositório só beneficiaria os mais desenvolvidos, os mais literatos, os mais tecnológicos, enfim ... os de sempre! Mas, e então? Os avanços da ciência e da tecnologia não acabam por estender-se a toda a humanidade? E aqui as bibliotecas continuarão a ter um papel fulcral na democratização e acessibilidade ao digital. A sua construção, se for expressão de uma vontade universal, possível, abriria uma fonte inesgotável de conhecimento, ao alcance de toda a Humanidade. Porém, dado o diferente estado de desenvolvimento dos povos, a fruição desse conhecimento seria desigual. Estaríamos então perante um aspecto que se nos afigura pertinente: a transposição das questões relativas às bibliotecas físicas para as bibliotecas digitais não será transpor velhos problemas para novos formatos? Referimo-nos a questões como direitos autorais, copyright, depósito legal e propriedade digital.
A biblioteca digital traz consigo a rapidez do acesso à informação, a partilha simultânea de documentos, a eliminação de barreiras físicas, a capacidade do copiar/colar e a actualização permanente do seu acervo. Traz ainda a capacidade singular da construção do seu conhecimento poder ser realizada externamente com o contributo dos utilizadores. Parece-nos, no entanto, que nesta modernidade, outras questões aguardam por uma solução conveniente: estarão os utentes preparados para lidar com a biblioteca digital (ou, ainda a biblioteca física), superando a barreira que as literacias da comunicação, da informação e da leitura lhes colocam?
As bibliotecas híbridas parecem-nos ser uma parte da solução: a complementaridade das suas características (físicas e virtuais) permitiria satisfazer utilizadores mais heterogéneos nas competências e capacidades de interacção.
Da nossa reflexão, julgamos que a “Biblioteca de Babel” é viável: basta ser razoável e exigir o (im)possível.
José Caseiro, Fátima Carreira, Teresa Lacerda, Teresa Neves
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