segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Novo Acordo Ortográfico - O que vai mudar?...



Aprovado em 2008, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa vai começar a ser aplicado nas escolas no ano lectivo de 2011/2012.
Com o objectivo de tornar o processo mais simples e a aplicação do Acordo Ortográfico mais fácil, por decisão do Ministério da Educação e da Associação Portuguesa de Editores Livreiros (APEL), a aplicação será feita de forma gradual e progressiva ao longo de um período de três anos, durante o qual conviverão nos manuais escolares as regras “antigas” e as do recente acordo.

Como instrumentos de transição, podemos utilizar o conversor Lince e o novo Vocabulário Ortográfico do Português que estão disponíveis no Portal da Língua Portuguesa

http://www.portaldalinguaportuguesa.org/

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

HOJE é o DIA INTERNACIONAL DE MEMóRIA DO HOLOCAUSTO

A Resolução 60/7, de 1 de novembro de 2005, da Assembleia-Geral das Nações Unidas, estabeleceu o dia 27 de Janeiro como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Será dia para (re)lermos ou (re)vermos "O Pianista", "O Diário de Rutka", " O Rapaz do Pijama às Riscas", "O Diário de Anne Frank", "A História de Erika", "A Rapariga que Roubava Livros", "Fumo" ... "Auschwitz : os Nazis e a Solução Final", "Mengele", "Hitler, uma Biografia", "A História Secreta das SS", "A Segunda Guerra Mundial", "Rommel: the trail of the fox", ...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"SOPHIA, UMA VIDA DE POETA"



Na sequência da cerimónia de doação do espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2oo4) à Biblioteca Nacional de Portugal, foi hoje inaugurada uma exposição sobre a vida e obra da poetisa.
Paula Morão e Teresa Amado, as comissárias da exposição que vai estar patente até 30 de Abril, disseram deste seu trabalho:

"Tivemos o gosto de comissariar, a convite de Maria Sousa Tavares e da Biblioteca Nacional de Portugal, a exposição apresentada por ocasião da entrega do espólio de Sophia ao Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea. Seleccionámos as peças que a compõem, a partir de uma pré-selecção feita por Maria Sousa Tavares. Trata-se de manuscritos de correspondência entre Sophia e família ou amigos, de poesia e de prosa, em cadernos e em folhas soltas, onde há textos rescritos, versões acabadas e outras de trabalho em curso ou simplesmente começadas; há também impressos, vários dos quais com emendas autógrafas, e fotografias.
Além destes documentos, indicativos da diversidade e da qualidade do espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen, a exposição contém outros conjuntos de objectos que os complementam. Por um lado, primeiras edições e uma escolha de edições ilustradas. Por outro, peças de artistas plásticos e de fotógrafos oferecidas a Sophia pelos seus autores e que em muitos casos ilustraram edições de livros seus. E, finalmente, insígnias recebidas por Sophia em sinal do reconhecimento público que por diversas vezes lhe foi testemunhado e que fica a fazer parte da sua história.
O princípio geral de ordenação das peças expostas e do catálogo que lhes corresponde é o da cronologia; mas este critério dominante não foi aplicado de maneira rígida, porque entendemos fazer associações sugeridas por considerações de outra ordem entre peças e documentos diversos: por exemplo, aproximámos versões de um mesmo texto escritas em diversos suportes e em momentos distantes entre si, ou estabelecemos nexos entre fotografias e escritos.
Esta exposição, tal como o catálogo que agora se edita, pretenderam ser uma aproximação à vida e à obra de Sophia, construída a partir do seu espólio. Esperamos ter, de algum modo, atingido esse objectivo."

http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=572%3Asessao-sophia-de-mello-breyner-andresen-uma-vida-de-poeta-26-jan-2011&catid=144%3A2010&Itemid=620&lang=pt



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Competências de Aprendizagem (EUA)

Investigadores americanos publicam livro em que afirmam que, no final da universidade, os alunos não melhoraram as suas competências de aprendizagem.
No mínimo, preocupante.
Ver artigo aqui: http://chronicle.com/article/New-Book-Lays-Failure/125983/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

10 ANOS DE WIKIPEDIA

José Vitor Malheiros, Público 11.01.11

Estive há uns meses num jantar onde muitos dos convivas eram professores e onde, às tantas, se começou a falar da Wikipédia. O tom geral era um lamento do tipo "agora-os-estudantes-copiam-tudo-da-Wikipedia-e-os-trabalhos-só-têm-disparates". Depois de algumas perguntas, percebi que a esmagadora maioria dos presentes nunca tinha sequer consultado a Wikipédia, mas sabia que era uma enciclopédia online onde toda a gente podia escrever e concluía por esse facto que se tratava da mais monumental colecção de disparates jamais coligida pelo espírito humano, uma espécie de anti-Cristo do saber, uma mancha negra com que o Maligno estava a inundar a Internet e da qual era preciso proteger os jovens espíritos maleáveis.
[...]
A verdade, porém, tem outras facetas. E uma delas é que a Wikipédia é um instrumento cuja qualidade média é elevada - muito boa ou excelente em muitos casos - e que constitui um salto na promoção e na difusão do saber comparável apenas à construção da biblioteca de Alexandria, ao movimento dos Encyclopédistes ou à Escola Republicana.
A Wikipédia, que comemora dez anos esta semana, tornou-se uma funcionalidade central da Internet - tanto como o Google, mas com a diferença de que há outros motores de pesquisa equivalentes e não há outra Wikipédia. Hoje em dia, a maior parte das pesquisas que fazemos na Internet tem uma entrada da Wikipédia no topo dos resultados. E há centenas de milhões de utilizadores que a utilizam regularmente.
Que haja uma biblioteca que tenha este êxito, que milhões de pessoas se habituaram a consultar diariamente, para tirar dúvidas de trabalho, para satisfazer curiosidades fúteis, para saber mais, devia ser visto como uma felicidade. Que esta biblioteca esteja em cima de tantas mesas 24/7 e que seja gratuita, devia ser visto como uma bênção.
É evidente que existem cuidados a ter no uso da Wikipédia e que, como qualquer outra ferramenta, é preciso conhecer as suas limitações, mas o principal problema com a Wikipédia em português é que muitos criticam mas poucos trabalham para a melhorar.
É que, quando digo que a Wikipédia é excelente estou a falar da Wikipédia em geral e da Wikipédia em língua inglesa em particular - mas a Wikipédia em português é fraquinha. Só que a responsabilidade disso é... exactamente dos mesmos profissionais que se queixam da sua falta de qualidade. Dos professores, dos cientistas, dos jornalistas, dos médicos, dos advogados, das universidades, das outras escolas, das organizações profissionais.
Na era da Internet, quando a Wikipédia se transformou numa ferramenta de acesso universal à informação de todos os tipos, de uma forma simples e democrática, não é aceitável que haja tanto saber produzido por dinheiros públicos que não seja vertido pelo menos em parte para estas páginas - onde pode ser encontrado, acedido, usado e enriquecido por todos. Seria normal que as escolas de todos os graus de ensino (com destaque para o ensino superior), os institutos públicos e as instituições de investigação portuguesas fossem contribuintes regulares da Wikipédia - como acontece nos Estados Unidos. Seria normal que escrever uma entrada para a Wikipédia fosse um projecto comum nas universidades portuguesas. Mas não é. A ferramenta já existe, o público já a usa. Só falta que as elites se disponham a fazer a sua parte para melhorar o que existe, em vez de se remeterem à crítica sobranceira e distante.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Um "cê" a mais


Quando eu escrevo a palavra ação, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância. Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hifenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu. E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião. Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.
As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do cê não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um cê a atrapalhar.

Manuel Halpern

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O ERRO DE EINSTEIN

As Nações Unidas decidiram que 2011 seria o Ano Internacional da Química, pretendendo celebrar os extraordinários resultados obtidos por essa ciência e as suas contribuições para o bem estar da Humanidade. Para essa decisão pesou o facto de passar um século desde que foi atribuído o Prémio Nobel da Química a Madame Curie. Foi o segundo Nobel que ela recebeu, desta vez sozinha, depois de oito anos antes ter partilhado o Nobel da Física com o seu marido Pierre Curie e com Antoine Henri Becquerel. Até hoje, a francesa de origem polaca é a única pessoa que recebeu dois prémios Nobel de disciplinas científicas diferentes. Não é, por isso, de estranhar que este ano se celebre também a contribuição das mulheres para a ciência.

A ascensão das mulheres na ciência foi prodigiosa no último século. Numa famosa fotografia do Congresso Solvay em 1911, Madame Curie é a única presença feminina em 24 retratados. Hoje, em muitos congressos de física ou de química, há uma representação quase paritária dos dois géneros.

Em Portugal, esse progresso foi particularmente nítido. Em 1911 começou a dar aulas na Universidade de Coimbra a primeira professora do ensino superior português: a filóloga de origem alemã Carolina Michaelis de Vasconcelos, que, no ano seguinte, entrou, não sem discussão interna, na Academia de Ciências de Lisboa. No meu livro Breve História da Ciência em Portugal (com Décio Martins, Gradiva e Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010), que fala da ciência até 1974, apenas é referida uma mulher, Matilde Bensaúde, pioneira da genética entre nós no início do século passado. Actualmente o país pode orgulhar-se não só da quantidade como da qualidade das nossas mulheres cientistas (parabéns, Maria do Carmo Fonseca, pelo Prémio Pessoa!). Temos uma das percentagens mais elevadas de mulheres na ciência na Europa e até no mundo: Portugal, nas estatísticas europeias de 2008, aparece em quinto lugar na percentagem de investigadoras, com 45 por cento, quando a média da União Europeia não chega a 30 por cento.

Apesar de ter sido premonitória da chegada maciça das mulheres à ciência, a notícia da atribuição do Nobel a Marie Curie há cem anos foi ofuscada, na imprensa francesa e internacional, por um escândalo, irrompido pouco antes, sobre uma sua ligação amorosa com o físico Paul Langevin, que era seu colega e tinha sido discípulo de Pierre Curie (Madame Curie era viúva há cinco anos, mas Langevin era casado). Por obra e graça de um wikileaks doméstico, um jornal francês publicou cartas de amor entre os dois, facto que motivou um duelo à pistola entre Langevin e um jornalista (nenhum dos dois chegou a disparar). Não faltou quem denegrisse a ilustre físico-química chamando-lhe uma estrangeira perigosa para os lares franceses. E, por causa desse affaire, alguns membros da academia sueca tentaram que ela não fosse receber o prémio a Estocolmo. Mas Marie Curie não hesitou em ir, alegando que o motivo do prémio - a descoberta de dois novos elementos químicos, o rádio e o polónio - nada tinha que ver com a sua vida privada. Madame Langevin conseguiu logo a seguir o divórcio com a custódia dos seus filhos sem que o tribunal tivesse mencionado o nome da dupla laureada Nobel. Esta e Langevin (os dois a uma distância prudente na fotografia do Congresso Solvay, pois na altura o caso era escaldante) acabaram por se afastar, seguindo destinos diferentes. Mas, por uma daquelas ironias em que o acaso é fértil, os genes de um e de outro viriam a cruzar-se mais tarde, quando uma neta de Curie se casou com um neto de Langevin...

E Einstein? Qual foi, afinal, o erro de Einstein? Einstein achava que as mulheres não tinham aptidão para a ciência por não serem criativas. Apesar disso, nutria sincera admiração por Madame Curie, considerando-a uma excepção à regra. Tal não o impediu de comentar a um amigo que ela “não era suficientemente atraente para ser perigosa para quem quer que seja”. Einstein cometeu erros. Mas a depreciação que fez das mulheres foi, decerto, o seu maior erro.

Carlos Fiolhais, Público, 7/Jan/2011
http://dererummundi.blogspot.com/2011/01/o-erro-de-einstein.html

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

sábado, 1 de janeiro de 2011

ANO NOVO, NOVO ANO

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa