segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O Toque

Só faltava o toque. Não um toque personalizado, aquele da dona de casa que pela última e centésima vez alinha o guardanapo da mesa, já noventa e nove vezes alinhado. Também não era o toque do “artista”, aquela pincelada-remate, ou o toque no texto, o sinónimo que evita a confusão, enfim o “toque de mestre”, o que é único, inimitável, sublime. Este era um toque vulgar, banal, que, de tão repetido já nos entrou no ouvido mas, quer queiramos ou não comanda diariamente a nossa vida.As mesas e as cadeiras estão alinhadas. A sala está pronta. Pelas janelas entra a luz pouco definida da manhã e o ruído da cidade. Tudo está no seu lugar, alinhado, limpo e pronto. Há um não-sei-quê no ar que o torna leve, um prenúncio de um acontecimento todos os anos renovado. No corredor há passos e vozes. Finalmente, o toque da campainha marcou o início de mais um ano escolar. A Biblioteca abriu as portas…